São Paulo (AUN - USP) - Peter LaSalles, professor da Universidade de Austin em Creative Writing (escrita criativa, em tradução literal), realizou uma palestra no Departamento de Jornalismo e Editoração, da Escola de Comunicações e Artes (ECA/USP), sobre a importância das revistas literárias para a literatura norte-americana e mundial. O evento ocorreu com a coordenação do professor Ivan Teixeira e teve o apoio do NELE (Núcleo de Estudos do Livro e da Edição), ligado ao curso de Editoração.
Segundo o professor norte-americano, que também é escritor e possui vários contos publicados, a ação criativa dos EUA reside nas revistas literárias. Para Peter, isso acontece por dois motivos. O primeiro é a capacidade das revistas norte-americanas de maior prestígio de se manter sem a necessidade e sem a influência de vendas de anúncios e publicidade. As melhores revistas se mantêm por meio do financiamento de universidades, fundações ou doações individuais. Assim, apesar de saírem com pouca frequência, elas conseguem adquirir grande qualidade literária, garantindo sua compra pelos leitores.
O segundo motivo é a característica das revistas de se renovarem e permanecerem na vanguarda criativa. Para manter interesse, as revistas sempre investem em novos e talentosos escritores, o que resulta na descoberta de novos autores e ainda mais prestígio para a revista. A Paris Review, importante revista literária norte-americana do século passado, morreu após investir somente em autores já conhecidos e renomados, o que resultou na perda de interesse por parte do público.
No entanto, a competição para ter um conto publicado é dura. Segundo Peter, milhares de contos chegam nas redações por mês, escritos por autores em busca de reconhecimento por meio da publicação em uma grande revista. Mesmo assim, aconselha: “Se você é um jovem autor, continue acreditando em si mesmo. Seus editores não são moralmente superiores. Leia o que escreve e acredite em si mesmo”.
No Brasil
Apesar do Brasil não ter atualmente uma grande tradição em revistas literárias, Peter diz que elas já despenharam um importante papel na literatura do País. Ele se refere especificamente à relação entre o modernismo brasileiro e esse tipo de publicação.
Antes e depois da Semana de Arte Moderna de 1922, várias revistas literárias foram criadas em solo nacional. Destaca-se a revista Klaxon,, criada e mantida com a participação de importantes figuras da literatura e da arte modernista brasileira, como Mário de Andrade, Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti e Manuel Bandeira.
Apesar da sua curta duração, as revistas literárias modernistas foram um exemplo de publicações vanguardistas em constante renovação, característica fundamental para sua qualidade, segundo Peter LaSalle.