ISSN 2359-5191

16/06/2012 - Ano: 45 - Edição Nº: 45 - Educação - Faculdade de Educação
Mesa redonda discute impacto do empreendedorismo na sociedade
Pesquisadores debatem uma nova “ética empresarial do trabalho”, em substituição da antiga “ética protestante do trabalho”

São Paulo (AUN - USP) - No dia 1º de junho, foi realizada na Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (FE-USP) uma mesa redonda para a discussão do tema: Empreendedorismo e Educação: a crítica foucaultiana. Organizado pela professora Fabiana Jardim, o evento contou com a presença do sociólogo argentino Osvaldo López-Ruiz, pesquisador do Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y Técnicas (Conicet), e do professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), Sylvio Gadelha.

López-Ruiz iniciou o debate retomando sua tese de doutorado, que deu origem ao livro Os executivos das transnacionais e o “espírito” do capitalismo: capital humano e empreendedorismo como valores sociais (Azouque Editorial, 2007). O título é uma referência direta ao clássico da sociologia A ética protestante e o espírito do capitalismo, escrito no início do século 20 pelo economista e sociólogo alemão Max Weber.

Em seu livro mais famoso, Weber mostra que ao favorecer certas práticas como o trabalho duro, a poupança e a postergação das satisfações, o protestantismo contribuiu para a configuração do estilo de vida do homem inserido no sistema capitalista. Tal estilo de vida – a ética protestante do trabalho – continuou a desenvolver-se mesmo esvaziado de qualquer religiosidade.

Em sua tese de doutorado, López-Ruiz se propôs a responder a mesma questão respondida por Weber há mais de um século: que valores influenciam e garantem o funcionamento do capitalismo? Através de pesquisas realizadas com executivos de multinacionais, o sociólogo concluiu que, atualmente, o empreendedorismo recuperado como valor social – “ética empresarial do trabalho” – atua como “modelador da subjetividade do homem contemporâneo”.

A partir do advento do neoliberalismo nos anos 1980, houve o resgate da figura do empreendedor – o responsável pelos avanços econômicos do sistema capitalista, segundo a definição do economista Joseph Schumpeter (1883-1950), entusiasta do empreendedorismo. Desde então, o empreendedorismo consolidou-se não apenas como uma competência valorizada e até mesmo passível de ser ensinada (inclusive nas escolas), mas como um ethos (ética, síntese dos costumes de uma sociedade), um conjunto de valores a partir dos quais o homem contemporâneo conduz sua vida.

“Empresário de si mesmo”
Ao tomar a palavra, o professor da UFC, Sylvio Gadelha, denunciou o que chamou de “empresariamento generalizado da sociedade”. Segundo Gadelha, ao internalizar os valores pregados pela “ética empresarial do trabalho”, o homem contemporâneo é incentivado a se ver como “empresário de si mesmo” e coagido provar constantemente sua produtividade e eficácia.

Gadelha ainda afirma que a ética empreendedora incentiva relações marcadas pela concorrência. “O outro é visto como um obstáculo, pois quer as mesmas coisas que eu e lançará mão de tudo para consegui-las”, exemplifica.

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