São Paulo (AUN - USP) - Com pesquisa iniciada no fim do ano passado, a professora Maria da Glória Motta, do Instituto de Geociências (IGC), busca através do geoturismo e da conservação do patrimônio geológico, no litoral norte do estado de São Paulo, uma maior divulgação da geologia.
A ideia surgiu porque, embora algumas rochas das encostas e trilhas em geral sejam bem conhecidas por suas belezas e formas, pouco é divulgado de sua origem ou idade, bem como as ameaças a que estão sujeitas. “Existe por exemplo, em Ilha Bela, a praia do Sino, que possui uma pedra que as pessoas, já naturalmente, vão bater para ouvir o som semelhante ao de um sino que sai dela. A nossa ideia é explicar por que isso acontece e explicar os processos de formação dessa rocha.”
Assim, Glória aponta que seu grupo visa “construir um roteiro geológico que no futuro englobe todo o litoral e que as pessoas possam pegá-lo em um ponto de informações turísticas da cidade”. Dessa forma, com o tempo, as pessoas conseguirão chegar sozinhas nos lugares levantados nesse tipo de publicação, criando seus “autorroteiros”.
Para que o projeto se concretize, em um primeiro momento o grupo está fazendo um mapeamento de lugares carregados de interesse geológico, utilizando roteiros que já existem, mapas, conhecimento das áreas de proteção ambiental e visitas de campo nas regiões litorâneas que pretendem trabalhar.
Uma outra etapa, que começou no dia 13 de junho, em Picinguaba (Ubatuba, SP) foi a de oferecer cursos de geologia para monitores ambientais. “A gente fez algumas trilhas e era recorrente a ideia de que eles sabiam explicar muito sobre as plantas, os animais. Agora, sobre as rochas não, eles não têm esse tipo de informação.”
A professora deixa claro que, para além de divulgar a geologia, busca-se que as pessoas que vivem nesses locais se apropriem do conhecimento geológico. “Queremos que elas passem a tratar aquilo como seu, e se interessem por aquilo, para que sejam nossos próximos divulgadores.”
O trabalho voltado ao litoral norte faz parte de um projeto maior, o GeoHereditas. Nele, existe um trabalho de geoturismo urbano, que levanta, entre outros dados, informações sobre as rochas que constituem os monumentos.
Em outros lugares
A professora comenta que quando começou a pensar em seu projeto foi muito influenciada pelo trabalho geológico que é feito em outros países e em alguns lugares dentro do Brasil.
“Há uns seis anos, um amigo meu foi para os EUA, para o Grand Canyon, e trouxe de lá um mapa geológico que vendia em banca de jornal, e as pessoas comuns andavam com o mapa na mão procurando as rochas e os pontos ali demarcados.” Glória ficou surpresa com o relato e começou a almejar que a população brasileira chegasse nesse ponto de interesse por conhecimento geológico.
Outro exemplo levantado por ela foi o Rio de Janeiro. “Lá eles têm um projeto muito bonito, chamado Caminhos Geológicos que está sendo coordenado pelo Departamento de Recursos Minerais(DRM).”
Ela explica que esse projeto fluminense possui um site: http://www.caminhosgeologicos.rj.gov.br/. Nele existe um mapa com todos os monumentos de importância geológica que existem no Estado. Também foram feitos painéis explicativos dispostos nas proximidades desses pontos, onde é explicado de forma didática o significado geológico daquela formação.