São Paulo (AUN - USP) - “A infância tem suas próprias maneiras de ver, pensar e sentir. Nada mais insensato do que pretender substituí-las pelas nossas.” É com essa citação de Jean-Jacques Rousseau que Cynthia Iszlajiabre abre sua dissertação de mestrado: A criança nos museus de ciências: análise da exposição Mundo da Criança do Museu de Ciência e Tecnologia da PUCRS.
Apresentada ao Instituto de Química, ao Instituto de Física, ao Instituto de Biociências e à Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, a dissertação pretende “contribuir com a determinação de elementos que podem ser considerados pela equipe educativa dos museus como parâmetro para o processo de concepção de uma exposição voltada para criança”.
Em sua pesquisa, Cynthia tomou como objeto de estudo a exposição Mundo da Criança, do Museu de Ciências e Tecnologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, além dos dados coletados através de um questionário enviado a diversos museus de ciências no Brasil. A escolha da exposição se deu por esta ser voltada especificamente para crianças entre três e seis anos de idade.
O trabalho se fundamenta no entendimento da criança como sujeito ativo nas transformações sociais, capaz de criar e transformar a cultura da sociedade em que está inserida, que apesar de ser uma acepção antiga, tem ganhado força apenas nas últimas décadas. No Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, de 1998, temos: “A criança como todo ser humano é um sujeito social e histórico e faz parte de uma organização familiar que está inserida em uma sociedade, com uma determinada cultura, em um determinado momento histórico. É profundamente marcada pelo meio social em que se desenvolve, mas também o marca”.
É com base nessa definição de criança – que não é somente influenciada, mas é também dotada de capacidade de interação com o meio – que a pesquisadora busca entender “como deve ser a educação desses sujeitos, seja na escola, seja nos demais espaços de educação como os museus”. Cynthia afirma que “Para isso, é necessário respeitar a especificidade da infância, valorizando seus saberes, criando espaços de autonomia, de imaginação, de linguagens expressivas e de iniciativa para a exploração e a experimentação, para a compreensão do mundo ao redor.”