ISSN 2359-5191

02/07/2012 - Ano: 45 - Edição Nº: 58 - Economia e Política - Escola de Comunicações e Artes
Cultura de insinuações e repressão no Irã é tema de pesquisa

São Paulo (AUN - USP) - Hoje, no Ocidente, ao se falar da República Islâmica do Irã, pensa-se em um país fundamentalista, preso na Idade Média, sem manifestações culturais ou políticas que entrem em desacordo com o aiatolá.

Não é isso, porém, que diz o projeto de pesquisa Interdição e Produção Simbólica: a censura ao cinema e ao teatro na República Islâmica do Irã, do professor Ferdinando Crepalde Martins, da Escola de Comunicações e Artes (ECA/USP). Segundo o professor, o Irã é rico em manifestações culturais. Além de sua forte tradição na indústria cinematográfica, caso percebido através dos filmes iranianos que fazem sucesso no Ocidente, o país também possui um grande número de teatros e festivais.

No entanto, a censura é uma questão complicada. Existe no Irã uma cultura de ambiguidade e insinuações. Há a censura institucional, como no caso da instituição Farabi, com características parecidas com a brasileira Ancine, mas que acaba sendo um órgão de censura ao aconselhar a edição de roteiros e negar equipamentos para a filmagem para diretores conhecidos por criticar o atual regime iraniano.

Mas é na censura não institucionalizada em que a cultura iraniana de insinuação e dissimulação transparece. Por causa da influência do Islã, é normal o ato sexual ser insinuando em cenas até poéticas, como namorados soltando um casal de pássaros ou escrevendo com o mesmo lápis. Assim, existe uma repressão dentro da própria cultura, onde tudo pode ser feito desde que seja somente insinuado.

Outro caso em que transparece a dissimulação iraniana é na suposta proibição de filmes e produtos ocidentais. O professor Martins dá o exemplo de filmes de Pasolini, ilegais no Irã, que eram vendidos normalmente em museus do próprio governo. Assim, fica claro o fato de que, apesar da censura, muito conteúdo “subversivo” pode ser divulgado desde que possa ser facilmente ignorado por certas autoridades.

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