ISSN 2359-5191

05/07/2012 - Ano: 45 - Edição Nº: 61 - Sociedade - Faculdade de Educação
Pesquisa recupera história de asilo para órfãos em Santos

São Paulo (AUN - USP) - No início do século 20, a cidade de Santos passou por diversas transformações com o desenvolvimento capitalista. Nesse contexto, o Asilo de Órfãos destacou-se inovando na forma de ensino, preparando as crianças para essa nova configuração social. Uma pesquisa da Faculdade de Educação (FE) da USP recuperou a história dessa instituição para conhecer mais sobre sua cultura escolar.

A autora da pesquisa, Marina Tucunduva Bittencourt Porto Vieira, registrou como era o trabalho na instituição. “O ensino seriado incluía o conhecimento de leitura, escrita, cálculo, geometria, história e geografia do Brasil”, conta a pesquisadora. A dissertação de mestrado, orientada pela professora Marta Maria Chagas de Carvalho, contribui para construção da história da educação no país.

Além disso, existiam outras vertentes no aprendizado das crianças. A formação cívica era realizada com a participação em eventos externos ao Asilo. Também eram feitas comemorações para datas importantes no calendário brasileiro (Independência, Dia da Bandeira, Proclamação da República) com práticas que exaltavam o nacionalismo.

A educação física também foi implantada na instituição. Ela incluía, além de práticas de ginástica, orientações sobre higiene e nutrição.

Existia, também, educação doméstica, destinada apenas a crianças do sexo feminino. As meninas tinham de aprender a limpar o prédio, cozinhar, costurar, bordar, engomar, entre outras atividades. Essa questão é interessante à pesquisa pois essas atividades tornam-se necessárias às mulheres nesse novo contexto de um capitalismo mais desenvolvido na cidade. Isso mostra que os trabalhos domésticos não são inerentes às pessoas do sexo feminino. “As relações de gênero variam historicamente. O que é próprio do homem ou da mulher depende das relações de poder em cada época e em cada sociedade”, explica Marina.

Com a mudança do domínio da produção cafeeira no Estado de São Paulo para uma economia mais industrial, a cidade de Santos, que era voltada às atividades portuárias, passou por diversas transformações. Com a chegada de empresas nacionais e estrangeiras, como a Companhia Docas, a São Paulo Railway, a City, organizou-se o sistema de trabalho, com horários, rotinas e salários determinados pelos empregadores. O trabalho autônomo (carroceiros, carregadores, e outras funções), dominante no final do século 19, foi perdendo terreno para o trabalho com vínculo empregatício. O espaço urbano foi alterado por intervenções sanitárias, dando oportunidade de expansão da cidade e separando o espaço doméstico do espaço de trabalho.

O Asilo, hoje em dia, chama-se Casa da Criança e funciona dependendo de doações. A instituição recebe poucos órfãos, mas ainda atende muitas crianças consideradas em situação de risco. A maioria fica em regime de semi-internato, como numa creche.

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