São Paulo (AUN - USP) - Utilizar cabelo para realizar análises toxicológicas traz informações mais específicas sobre o uso de substâncias psicoativas. Na Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (FCF-USP), o professor Maurício Yonamine coordena pesquisas acerca desse assunto desde 2011.
As amostras de cabelo tem se mostrado como matriz interessante para análises diversas, uma vez que possibilita a informação do uso de substâncias por um prolongado tempo. Em outras palavras, uma vez que uma pessoa faz uso de determinada substância, por exemplo, a cocaína, esta vai para a circulação sanguínea. Da circulação as substâncias podem atingir o bulbo capilar e serem incorporadas no cabelo.
O cabelo humano cresce cerca de 1centímetro por mês, e desta forma, se houver uso frequente da substância, há possibilidade de se, analisando determinada porção do cabelo, estimar quando foi o uso desta droga. Por exemplo, se for analisado o primeiro segmento de cabelo de 1 centímetro da pessoa e detectar- se cocaína, significa que a pessoa fez uso no mês anterior. Se detectado no segundo centímetro, dois meses e assim por diante. Ou seja,o período de detecção depende do comprimento do cabelo. Esse tipo de informação, em longo prazo, praticamente só a amostra de cabelo pode fornecer.
A dificuldade encontrada na utilização desse método é a quantidade de amostra geralmente disponível nos casos em questão. Esse fator limitante é ainda mais reforçado quando é preciso detectar várias substâncias de interesse toxicológico. As pesquisas feitas nos últimos anos tem se concentrado nesse aspecto.
A necessidade da pesquisa surgiu da relação da FCF com órgãos criminalistas, como o Instituto Médico Legal (IML), e órgãos policiais. Ambos solicitam esse tipo de análise, uma vez que ela é mais completa e específica que análises em outros espécimes biológicos. Os estudos também renderam publicações científicas em periódicos internacionais.
As perspectivas futuras são, justamente, que esse método de análise toxicológica possa ser utilizado, principalmente, no âmbito criminalista.