São Paulo (AUN - USP) - Pesquisas desenvolvidas na Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (FCF-USP) tem como foco explorar consequências menos difundidas da diabetes no organismo humano. O professorJoilson de Oliveira Martins, da FCF, observa justamente as influências do controle hormonal em respostas inflamatórias.
Pesquisas anteriores revelaram que pacientes que apresentam baixas taxas de insulina, resistência ao hormônio, ou ainda, menor atividade de atuação do composto no organismo, geralmente são mais propensos a infecções pulmonares. Os portadores de diabetes são incapazes de metabolizar o açúcar presente na corrente sanguínea e o quadro de hiperglicemia pode ser considerado um meio de cultura de bactérias. Ou seja, o sangue daqueles que possuem diabetes se torna um mais local propício para bactérias. Com isso, as infecções pulmonares são recorrentes.
Além disso, outros estudos também descobriram que doenças atópicas, como a asma, agem de forma contrária à diabetes. Quando há uma piora no quadro da diabetes, há uma melhora no quadro da asma, e vice-versa, caso o paciente possuir as duas patologias. A relação da diabetes tanto com as infecções pulmonares como com as doenças atópicas levou o professor e alguns de seus orientandos a realizar mais pesquisas sobre as funções da insulina.
Para entender melhor como a insulina atua no organismo, são inicialmente realizados experimentos em camundongos induzidos a terem diabetes. Mesmo assim, Martins conta que já foram publicados artigos internacionais que tratavam da eficiência da insulina em indivíduos que não eram diabéticos. Como exemplo, pacientes não-diabéticos que passaram por traumas tendem a apresentar maior taxa de glicemia, o que acaba interferindo no processo inflamatório. Quando a insulina é dada a esses pacientes, há simultaneamente um quadro de melhora nesse processo. O mecanismo desse processo é o que intriga os pesquisadores, acostumados a atrelar a insulina a funções mais básicas e conhecidas, como a do metabolismo do carboidrato.
Por enquanto sabe-se então, que a insulina é necessária para as respostas inflamatórias acontecerem. As perspectivas são de descobrir exatamente como isso ocorre para que esse outro atributo seja futuramente explorado de maneira mais completa e consciente.