ISSN 2359-5191

09/07/2012 - Ano: 45 - Edição Nº: 65 - Educação - Escola de Comunicações e Artes
Palestra discute aspectos práticos do intercâmbio no Brasil

 

São Paulo (AUN - USP) - As atuais dificuldades e incentivos que existem para os brasileiros ingressarem em um intercâmbio foram discutidos em um evento promovido pelos alunos do 7º semestre de Turismo da USP. Os temas‘’ As burocracias do intercâmbio‘’, apresentado por Thiago Fujiwara, gerente de intercâmbio e vistos da Kangoroo Tours, e “Financiamentos e bolsas “, exposto pela aluna do 4º ano de Turismo da USP, Sonia Goto, fizeram parte da série de quatro palestras. O evento, cujo título era “Ponto de Partida - Intercâmbio sem Fronteiras”, tinha como objetivo elaborar uma aproximação dos estudantes com os fatores práticos desse processo e com a realidade do mercado turístico nesta área.

 

Durante a palestra “Destinos X Objetivos”, a turismóloga Maria Gabarra falou de algumas tendências atuais do do intercâmbio, que, segundo uma estimativa da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), crescerá 233% em 16 anos. A especialista explica que a prática é vista como prioritária dentro do segmento de serviços de alguns países, como é o caso da Austrália. A parcela arrecadada pela prática está em terceiro lugar dentro do PIB australiano. “Se você considerar o PIB só de serviços, o intercâmbio é o primeiro”, diz. Maria Gabarra é diretora executiva da Belta (Brazilian Education & Language Travel Association), insituição sem fins lucrativos que associa agências e outras instituições atuantes na promoção do intercâmbio por todo o mundo, e que hoje é, segundo Gabarra, “o ponto de referência da mídia, quando querem alguma informação de intercâmbio”.

 

O British Council, uma organização pública do Reino Unido, foi a primeira Organização Internacional a ver a importância do intercâmbio acadêmico. Gabarra explica que, no caso do intercambista brasileiro, a principal demanda ainda é por cursos de idiomas, sendo o Canadá o principal destino para esse tipo de experiência. Em sua opinião, isso se dá “porque temos uma deficiência de falar inglês, que é essencial”. Apesar dessa prevalência, Maria comenta que há duas tendências hoje em dia no intercâmbio. Segundo ela, a população com idade mais avançada que nunca fez intercâmbio têm tido uma crescente participação, principalmente para programas com cursos variados, que atendem a desejos antigos daquele público, como “italiano com gastronomia”, por exemplo. A classe C também se encaixa nesta situação. O grupo, que não antes não tinha poder aquisitivo suficiente para arcar com a prática, passou a ter maior acesso. “O intercâmbio é para todos, não é só para uma elite”. Em uma análise feita pela Belta em 2004, nenhuma das 71 agências pesquisadas atendiam a população dessa classe. Já em setembro de 2011, sete delas atendiam um número significativo desses clientes e isso tem crescido desde então. Gabarra destaca também que, de acordo com uma outra pesquisa da instituição, “62% do pessoal que embarca hoje é mulher”, mas não indica causas para esse apontamento.

 

Segundo ela, esta é uma área com grande potencial de crescimento. “É um grande mercado para vocês, que querem focar em agência ou estão ligados ao turismo. Uma posição otimista que havia em 2011 era de 217 mil estudantes [viajando]. Nós vamos fazer uma pesquisa agora e poderemos conferir isso. Para 2012, a projeção otimista é de que haja 282 mil estudantes viajando para o exterior”.

 

Intercâmbio acessível
As agências turísticas de hoje em dia estão aptas para atender pessoas com alguma necessidade especial, seja na questão do planejamento turístico, seja na recepção? O professor de turismo da USP, Marcelo de Farias, responsável pela disciplina que organizou a palestra, fez, em sua fala, alguns comentários sobre esse aspecto. Ao definir o termo necessidade especial – “a limitação ou a incapacidade para o desempenho de uma atividade, qualquer que ela seja” – comenta que há grande dificuldade de enxergarmos as dificuldades que não apresentamos, mas defende que os serviços prestados pelas agências de turismo devem ser igualitários para todas as pessoas. “Essa pessoas também precisam e querem viajar. É claro que, por mais difícil que possa ser essa viagem, ela precisa de alguma maneira ser permitida”.

 

Uma questão que deve ser comentada a respeito das necessidades especiais é, em sua opinião, a questão do idoso. “Quem trabalha em turismo tem cada vez mais que pensar nesse aspecto. Afinal de contas, o Brasil já não é mais um país de jovens”. Para ele, esse aspecto não tem somente um potencial mercadológico, mas também uma necessidade real de se tornar prioridade. “Essa vai ser a nossa realidade daqui para frente. Já é a de alguns países da Europa, e vai ser a nossa também. A gente precisa, de alguma maneira, se preparar para isso, criar padrões, construir desenhos universais de receptividade, de hospitalidade”.

 

Farias relata que o Brasil ainda apresenta muitas falhas sob essa perspectiva. “O nosso processo de urbanização não foi feito para isso”. Farias comenta que, apesar de algumas melhorias serem feitas em calçadas e outros locais públicos, muitos atrasos persistem. “Continuamos a ter muitos problemas em relação a vários tipos de transporte. Se o metrô de alguma maneira já facilita isso, a maioria dos ônibus ainda não está devidamente adaptada”. E complementa: “O conceito do atendimento prioritário ainda não é uma coisa absolutamente condensada na nossa cultura. A gente precisa ter placa, ter avisos, ter ruas diferentes. O mundo ainda não está preparado para isso. O turismo ainda não está preparado para isso. De maneira geral, muitos aeroportos, muitas rodoviárias e hotéis ainda não pensaram nesse outro lado”.

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