São Paulo (AUN - USP) - O ex-aluno de jornalismo da ECA (Escola de Comunicações e Artes da USP) Laury Bueno apresentou neste sábado o Manual de MySQL para jornalistas, realizado sob orientação do professor professor Claudio Tognolli. O trabalho de conclusão de curso, que provavelmente ajudará muitos de seus colegas de profissão tem como intenção dar ao leito a capacidade de lidar com tabelas com milhares ou milhões de linhas e cruzar dados relevantes. Esse é um novo patamar, mesmo para os jornalistas que estão acostumados encontrar reportagens com cruzamento de dados e que utilizam, na maioria, o Excel.
MySQL é um sistema de banco de dados relacional que utiliza a linguagem SQL (Linguagem de Consulta Estruturada, do inglês Structured Query Language). O interesse de Laury por este software em específico surgiu na época em que estagiava na revista Náutica. “Lá, além de escrever textos, fui webmaster dos sites da editora e precisei fazer no Senac um curso de PHP com MySQL, uma dupla frequente no mundo da programação web”, conta. Ele garante que trabalhar com MySQL é mais fácil do que pode parecer de início.
As ferramentas de RAC (Reportagem com o Auxílio do Computador) vem sendo cada vez mais utilizadas por jornalistas do mundo todo. No Brasil, entretanto, estamos claramente atrasados nesse quesito. A importância de que se faça RAC, na opinião de Laury, é a abrangência e a qualidade das informações publicadas. “O que dá credibilidade é a história bem apurada, independente das técnicas de apuração. O que devemos fazer é entregar com qualidade a informação necessária, nem mais, nem menos, e essa tarefa nem sempre passará por RAC”, completa.
Neste momento estamos em meio a mudanças, como a Lei de Acesso a informações públicas, que entrou em vigor no dia 16 de maio deste ano e que permite a todos os cidadãos solicitar acesso a documentos produzidos por qualquer órgão público. Com isso, temos no País um grande avanço para a transparência e melhora de nossa democracia.
Além disso, o movimento Open Data vem crescendo no mundo para que estes dados sejam divulgados não apenas para que seres humanos possam ler, mas programas de computador também. Dessa forma as reportagens que utilizam bases de dados, por exemplo, e pesquisas de diversos fins podem ser realizadas muito mais facilmente. “A expansão da importância de RAC hoje tem a ver com as mudanças em posturas de governos e empresas, que oferecem mais dados. Por isso, saber lidar com esse formato de informação está ficando mais necessário”, comenta Laury.
A disponibilidade de dados não é, sozinha, algo necessariamente útil para a sociedade em geral. É necessário que eles sejam sempre verificados e analisados por profissionais competentes. O ex-aluno acredita que faltam a jornalistas as habilidades para manusear e cruzar grandes quantidades de dados. Para ele, esse é um dos problemas a serem resolvidos e se propôs a fazer algo que ajudasse. “Muitas histórias e contextos exclusivos podem se esconder em tabelas públicas.”