ISSN 2359-5191

13/07/2012 - Ano: 45 - Edição Nº: 69 - Arte e Cultura - Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas
Oficina de teatro-jornal discute a situação política da USP

São Paulo (AUN - USP) - Em 1971, o Teatro de Arena de São Paulo, liderado pelo dramaturgo Augusto Boal (1931-2009), apresentou o Teatro-Jornal:1ª Edição. O elenco montava cenas a partir de leituras do noticiário com o objetivo de apresentar a notícia diretamente ao público, sem o que Boal chamou de “condicionamento da diagramação”. “Uma notícia publicada em um jornal é uma obra de ficção”, afirmou o dramaturgo no texto de apresentação do Teatro-Jornal: 1ª Edição. Para combater a ficção vendida pela imprensa – ou imposta pela censura –, o Teatro de Arena apostou na ficcionalização da notícia.

O teatro-jornal, nome dado no Brasil ao teatro-vivo, após ser sistematização de suas técnicas por Boal, é tema de uma oficina oferecida na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP) por iniciativa do Núcleo de Estudos Teatrais do Centro Ángel Rama. A oficina, que recebeu o subtítulo de O Neoliberalismo e a USP vem sendo ministrada, todas as quartas-feiras, às 19h30, na sala 200 do prédio da Faculdade de Letras. Quem lidera os encontros é Eduardo Campos Lima, jornalista formado pela Escola de Comunicações e Artes da USP (ECA-USP) e aluno do programa de pós-graduação da FFLCH.

O teatro-jornal é justamente o tema que Eduardo vem pesquisando em seu Mestrado. O jornalista afirma que, além de possibilitar aos alunos a participação de em uma atividade prática e criativa – os participantes têm a oportunidade de criar cenas e representá-las –, um dos objetivos do curso é verificar “vitalidade do teatro-jornal como metodologia de teatro político no contexto da USP”.

O teatro-vivo sempre esteve ligado à militância partidária e que seu desenvolvimento deu-se em locais e períodos de grande agitação política, como durante a Revolução Russa (1917) e no auge da ditadura militar brasileira, após do AI-5, decretado em 13 de dezembro de 1968. Nesses períodos, o teatro-vivo era utilizado não apenas para informar à população, mas também para ampliar as discussão a respeito dos tema encenados.

Eduardo conta que a conturbada situação política da USP vem sendo usada como tema para as cenas criadas na oficina de teatro-jornal. Para exemplificar, ele descreve a cena composta a partir da notícia do convênio firmado entre a USP e a Secretaria de Segurança Pública, que colocou a Polícia Militar (PM) dentro do campus, e a notícia na qual a Organização das Nações Unidas (ONU) recomendava a desmilitarização da polícia brasileira.

O objetivo da leitura cruzada das duas notícias – técnica do teatro-jornal sistematizada por Boal –, é que uma se contraponha e critique a outra, mostrando o descompasso entre a decisão da mais importante universidade brasileira e o conselho da maior entidade representativa da comunidade internacional.

Eduardo espera que as cenas criadas nas oficinas possam, em breve, ser assistidas pelos uspianos, mas ainda não há uma data para que isto ocorra.

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