ISSN 2359-5191

18/08/2004 - Ano: 37 - Edição Nº: 08 - Saúde - Faculdade de Ciências Farmacêuticas
Qualidade de medicamentos não pode ser avaliada com precisão pela Anvisa

São Paulo (AUN - USP) - A qualidade e eficácia dos medicamentos comercializados sempre foi motivo de desconfiança por parte dos consumidores, ainda mais quando associados aos altos preços. Pensando nesse quadro de incertezas, a Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo desenvolveu pesquisa a respeito da eficiência do controle de avaliação dos medicamentos comercializados em nosso país, que é realizado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). E os resultados não são muito animadores.

Segundo tais resultados, a fração de medicamentos analisados pela Anvisa é insuficiente para se conseguir avaliar com precisão a qualidade dos medicamentos fabricados no Brasil. Apesar de a maioria dos Estados possuir Laboratórios de Controle de Qualidade em Saúde, a procura por remédios é tão grande que torna insuficiente a disponibilidade tecnológica necessária para se fazer uma análise mais precisa.

Segundo o pesquisador José Valença, que tem em tal assunto o tema de seu mestrado, apenas dois dos 28 laboratórios realizam todos os testes necessários segundo os regulamentos sanitários adotados pela Anvisa. São justamente os dois laboratórios considerados centrais: Adolpho Lutz, localizado em São Paulo, e o INCQS (Instituto Nacional de Controle de Qualidade e Saúde), que fica no Rio de Janeiro. A análise completa exige testes documentais, ou seja, em relação à bula e ao rótulo, testes físico-químicos, microbiológicos e toxicológicos/farmacológicos.

Alguns números constatados por esses laboratórios principais são impressionantes, como, por exemplo, a quantidade de princípio ativo fora dos limites determinados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Segundo as pesquisas desses laboratórios, a porcentagem de reprovação beira 10% no Rio de Janeiro e 13% em São Paulo.

Para José Valença, a legislação sanitária brasileira é tão boa quanto a de países de Primeiro Mundo considerados referências na área, mas que ainda falta uma orientação política a população, que não sabe o que e como cobrar do governo. Falta, além de uma melhor estruturação dos laboratórios, elementos nos quais a população possa se apoiar para a avaliar a qualidade dos medicamentos consumidos. José Valença ainda destaca que teve certa dificuldade para conseguir dados oficiais para sua pesquisa, visto que tais informações “envolvem muitos interesses”.

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