ISSN 2359-5191

22/07/2012 - Ano: 45 - Edição Nº: 78 - Sociedade - Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas
Mestrado aborda experiências de agentes penitenciárias femininas
Estudo foca a percepção que estas têm de si e das relações com a instituição prisional

São Paulo (AUN - USP) - As histórias de dez mulheres ligadas a diferentes presídios e cidades do Estado de São Paulo, e como, ao serem contadas por elas mesmas em forma de narrativa, estas trazem não só as experiências concretas das agentes, mas também as visões que elas têm de si e de suas vivências. Este é tema central do Mestrado de Adriana Rezende Faria Taets, Abrindo e fechando celas: narrativas, experiências e identidades de agentes de segurança penitenciária femininas, defendido recentemente pelo Dpartamento de Antropologia da Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas da USP (FFLCH).

Adriana aponta como principal resultado da pesquisa o levantamento das formas em que a instituição se define pelas relações entre aqueles vinculados a esta. No caso das agentes, esse processo passa, necessariamente, pela diferenciação entre elas e as presidiárias, essencial para garantir que o processo punitivo seja devidamente cumprido, uma vez que a identificação da origem social comum entre estas pode gerar um sentimento de solidariedade, desencadeando crises pessoais e profissionais e dificultando os trabalhos. Assim, a diferenciação entre tais mulheres é construída institucionalmente, processo que se desenvolve desde o início da carreira, com um curso de três meses. De tal momento em diante, a instituição, diz a autora, passa a incitar em suas funcionárias uma tendência classificatória, impulsionando a constante divisão entre presos e soltos, de forma a construir nas agentes uma identidade que as separe das presidiárias e as ligue à instituição prisional, levando-as a incorporar suas regras e valores, respeitando-os, impondo-os e defendendo-os, uma vez que é a esta que elas devem ser leais.

Para expor tais questões, a pesquisadora preocupou-se muito com o método utilizado. A partir de longas entrevistas com as dez agentes, ela constrói o texto na forma de pequenos contos que giram em torno de pontos comuns entre as histórias destas, com ênfase nas suas trajetórias profissionais. Assim, privilegia-se o formato narrativo, essencial para os objetivos da autora, uma vez que, ao narrarem suas experiências durante as entrevistas, as mulheres expõe não só os acontecimentos, mas também suas impressões e interpretações sobre si, seu entorno e suas experiências, em especial no que diz respeito à relação que têm com a instituição. Além disso, o esforço de memória e organização do vivenciado contidos no ato narrativo permitem verificar de que maneiras se expressa o papel institucional na construção da identidade e das visões de mundo das agentes.

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