São Paulo (AUN - USP) - A pesquisadora Andréa Queiroz Maranhão, da Universidade de Brasília (UnB) estuda a função terapêutica dos anticorpos. Ou seja, que eles possam também ser utilizados em forma de fármacos com a finalidade de algumas vantagens clínicas como a redução de doses de corticoide em pacientes que tratam a rejeição de transplantes, a prevenção de diabetes e de outras doenças como a psoríase. Isso foi apresentado no IV Simpósio de Pós-Graduação em Análises Clínicas na Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (FCF-USP).
No entanto, há desafios para que isso seja disponibilizado no mercado. Para que os anticorpos sejam mais eficientes e menos rejeitados por organismos, é necessário isolar suas regiões mais importantes. Para isso, são realizados experimentos em animais, geralmente camundongos, para a utilização de seus anticorpos e para a observação de respostas imunes e inflamatórias. Porém, a natureza diferente do camundongo em relação aos pacientes faz com que o organismo humano reconheça os anticorpos como algo exógeno e então tenta combatê-lo.
Os anticorpos são originalmente conhecidos por serem células imunes com estruturas típicas. Os diferentes tipos de anticorpos se diferenciam pelas suas propriedades biológicas, localizações funcionais e habilidade para lidar com diferentes antígenos. Além disso, eles são capazes de combater até células tumorais em estágios iniciais.
Para os desafios, foram encontradas algumas alternativas. Existe a possibilidade de fazer uso de camundongos transgênicos em experimentos. Nesse caso, os anticorpos seriam produzidos por genes humanos contidos nos camundongos. O problema é que essa opção foi desenvolvida por uma empresa que cobra royalties pelo uso do método. A segunda saída seria a imortalização de células humanas específicas para que elas sejam isoladas e consigam produzir anticorpos. Isso ainda é recente e exigiria uma amostra grande de sangue humano, difícil de ser obtida.
A pesquisadora então trabalha no sentido de encontrar alternativas para que os anticorpos possam finalmente ser usufruídos por apresentarem outras funções. Ela tem investido muito de seus estudos em torno de um processo de humanização que combina o uso de camundongos com cadeias de origem humana para que sejam criadas bibliotecas com fragmentos de anticorpos.