São Paulo (AUN - USP) - A Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP recebeu, entre 20 e 24 de agosto, a 6ª Semana de Fotojornalismo, promovida pela Jornalismo Júnior da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP. O evento contou com quatro dias de palestras e uma saída fotográfica e teve como tema o “Caos”.
No primeiro dia, estiveram presentes os professores da ECA Atílio Avanchini e Wagner Souza e Silva, além de Júlio Costa, pauteiro da agência Futura Press. Os professores fizeram uma pequena introdução sobre o tema, cujo objetivo era abordar os desafios enfrentados por fotojornalistas na cobertura de situações caóticas.
Já Costa contou aos convidados um pouco de seu trabalho na Agência, mostrando o que um fotojornalista não deve fazer e o que é preciso para que uma foto seja pauta.
Caos urbano e catástrofes
No segundo dia, o caos urbano das grandes cidades foi debatido pelos fotojornalistas Henrique Manreza, editor do blog 28mm, e Chico Ferreira, da Agência Luz. Manreza contou um pouco de suas experiências fotografando São Paulo e comentou a imprevisibilidade da profissão. Em relação à elaboração da fotografia, afirmou que nenhuma foto é feita apenas de um “click”, pois o fundamental do trabalho está no contato humano. “O bom fotojornalista tem ética naquilo que ele faz. A postura do fotógrafo é que vai fazer toda a diferença”, disse.
Ferreira discursou sobre a situação presente em São Paulo, onde favelas, trânsito e violência são formas de caos que fazem parte do cotidiano. Para ele, “não é preciso ir até o Afeganistão para ver uma guerra, estamos vivendo isso aqui em São Paulo”.
Em seguida, os fotojornalistas Alan Marques e Filipe Araújo trouxeram para o público suas experiências em cobertura de grandes catástrofes. Eles relataram alguns momentos de drama que viveram e a importância de manter a calma e a emoção controladas.
A quarta-feira foi dedicada à uma saída fotográfica, que aconteceu na Rua 25 de Março, considerada um ícone do caos de São Paulo. Cerca de 125 pessoas saíram para captar o caos urbano da cidade, uma forma de colocar em prática as dicas dadas pelos palestrantes.
“Acho que toda saída fotográfica tem um ponto bacana: é uma excelente oportunidade para se soltar e deixar a criatividade fluir. Adorei ver as fotos que os outros participantes enviaram, enriqueceu muito o meu repertório”, contou Silvio Augusto Jr, um dos participantes do evento.
Conflito
O quinto dia trouxe Paulo Whitaker e Rogério Ferrari para falar sobre a cobertura de situações de conflito. Whitaker, fotojornalista da Reuters, deu dicas para identificar áreas de conflito e para diminuir os riscos, como conhecer previamente o local, identificar possíveis rotas de fuga, não trabalhar sozinho e permanecer atrás da polícia.
Ferrari relatou suas experiências como fotógrafo independente, cobrindo temas que retratam a luta por terra e autodeterminação de alguns povos e movimentos sociais. Questionado sobre os motivos de seu trabalho, disse: “O que me leva a fazer isso é a identificação com essas causas. Busco proporcionar uma informação diferente que signifique um contraponto ao estigma e a mentira que são muito comuns nas abordagens desses temas”.
O último dia teve como tema as Sutilezas do Caos e contou com a presença de Evandro Teixeira e Victor Moriyama, que contaram suas experiências em meio a situações de tensão e suas percepções ao registrar imagens delicadas de momentos caóticos.
O evento terminou com a premiação dos melhores trabalhos da saída fotográfica e com a exposição das fotografias de todos os participantes, que puderam observar as mais diferentes visões do caos da 25 de março.
“Esse tipo de evento só vem a adicionar. Eu acho muito fantástica a mobilização de alunos. Faz bem pro mercado, que pode contribuir na formação de fotojornalistas mais conscientes”, afirmou o fotojornalista Henrique Manreza.