São Paulo (AUN - USP) - Que a língua portuguesa muda conforme o lugar não é novidade para ninguém. Variações de entonação, velocidade e até mesmo vocabulário ajudam a fazer fronteiras Brasil a dentro, criando rivalidades ou sotaques de novela. Mas essas diferenças são também tema de pesquisas e recheiam teses nas universidades. Há, porém, quem queira tirá-las de lá.
Uma tentativa de chamar a atenção do público leigo para a discussão sobre a língua está no livro a ser lançado pelo Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP). O livro será inteiramente baseado no simpósio “A língua portuguesa em São Paulo”, realizado entre os dias 9 e 13 de agosto, na Biblioteca Municipal Mário de Andrade, promovido por uma série de entidades, dentre elas a FFLCH e a Prefeitura de São Paulo.
“Foi uma feliz coincidência”, diz Marilza de Oliveira, professora da USP e uma das coordenadoras do evento. Isso porque, nesse ano, comemoram-se não só os 450 da cidade de São Paulo, como os 70 anos da FFLCH, que originalmente situava-se na Rua Maria Antônia, também no centro. E muitos desses estudantes pioneiros freqüentavam a biblioteca municipal para seus estudos.
Além das homenagens, havia também o objetivo de divulgar as pesquisas realizadas nas universidades paulistas nos últimos 30 anos. “Queríamos trazer a academia para fora e transformar os conteúdos numa linguagem acessível”, conta a professora. Tarefa difícil, quando pensamos em 20 palestras, versando sobre aspectos variados da língua portuguesa. Foram abordados desde o contexto histórico original até as perspectivas do português paulista para o século XXI, passando por dialetos, neologismos e até mesmo discussões pontuais e contemporâneas, como as avaliações do ENEM e do Provão.
“Foi uma boa oportunidade para fazer uma reciclagem de língua portuguesa”, afirma José Tarifa Volpi, que assistiu a todas as palestras. “Tomei conhecimento das pesquisas e obtive estímulos para levar isso para a rede pública”, diz o professor, que também dá aulas para o 3º grau.
Segundo Marilza, o lançamento não tem data prevista, mas o livro sai assim que todos os professores enviarem seus textos. Para não cair em mais uma publicação estática feita por pesquisadores apenas para eles mesmos, Marilza e Ataliba T. de Castilho, organizador e idealizador do projeto, pretendem incluir a interação do público. Como? Por meio das críticas e comentários, encarecidamente pedidos pelos professores ao longo das apresentações.