São Paulo (AUN - USP) - Sob o título Flutuação eleitoral e o sistema partidário: o caso de São Paulo, Sérgio Simoni Jr. apresentou, no dia 4 de outubro, a pesquisa que originou sua dissertação de mestrado, apresentada em fevereiro deste ano. A apresentação fez parte dos Seminários do Departamento de Ciência Política da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP.
O objetivo da pesquisa era traçar um panorama da fidelidade partidária dos eleitores paulistas para analisar o grau de institucionalização dos partidos na democracia recente do país. A institucionalização partidária é um importante indicador do grau de amadurecimento das democracias e é definida pelo grau de fidelidade das bases sociais aos partidos. Um exemplo de país com institucionalização elevada são os Estados Unidos, que possuem dois partidos com bases eleitorais bem consolidadas e pouca mobilidade entre elas. “No Brasil, a volatilidade eleitoral tem sido a regra”, explica Simoni Jr. sobre o comportamento geral no país.
A investigação baseou-se no cálculo do índice de volatibilidade eleitoral, que compara o total de votos dos partidos entre uma eleição e outra, permitindo analisar qual a porcentagem de eleitores que votou em partidos distintos. Para que a análise fosse mais precisa, foram desconsiderados os partidos “flutuantes”, que competiram em poucas eleições e não construíram uma base eleitoral consistente.
Como objeto de pesquisa foram consideradas apenas eleições para o Poder Executivo. Dessa forma, foram analisados os resultados das eleições presidenciais no estado (1989-2006), das eleições para governador (1982-2006) e para prefeito da cidade de São Paulo (1985-2008). “A arena executiva tem mais importância do que a legislativa para o eleitorado brasileiro”, justifica Simoni Jr.. A escolha do estado de São Paulo se deu pela sua importância como berço dos dois maiores partidos do país atualmente, o Partido dos Trabalhadores (PT) e o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), e pela presença constante de uma terceira força de direita, o PP (Partido Progressista).
O índice de volatibilidade geral, com os partidos “flutuantes”, foi semelhante nas três esferas avaliadas, entre 34% e 37%. Considerando apenas os partidos mais consolidados, a média ficou entre 19% e 25%. Segundo Simoni Jr., esse resultado indica uma “estabilidade considerável”. Analisando mais especificamente cada variação nas eleições, os casos de maior mobilidade ocorreram quando apareciam candidatos bem votados em partidos menos expressivos, como a eleição presidencial de 1989. Um índice secundário também avaliado foi a relação da fidelidade partidária à escolaridade da população. Essa análise não apresentou resultados conclusivos, visto que as relações foram inversas nas comparações de diferentes períodos. “Conforme você aumenta a educação diminui a volatilidade entre 1994-2002 e o inverso entre 2002 e 2006”, exemplifica o pesquisador.
Além de uma estabilidade, a pesquisa permitiu identificar uma definição nas bases sociais dos principais partidos, com mobilidade pequena entre elas, o que indica alta institucionalização partidária. O principal fator responsável pelas variações foi a entrada de diferentes partidos para concorrer nas eleições. “A inconstância é maior na apresentação de candidaturas do que na base social dos partidos”, conclui Simoni Jr..