ISSN 2359-5191

18/10/2012 - Ano: 45 - Edição Nº: 98 - Ciência e Tecnologia - Instituto de Química
Entender sistema digestivo dos insetos é a chave para controlar danos às plantações
Para pesquisador do Instituto de Química, estudar enzimas e células digestivas desses animais ajuda a produzir plantas transgênicas e inseticidas mais eficientes

São Paulo (AUN - USP) - Os insetos constituem a maior classe de animais do planeta. São milhões de espécies distintas espalhadas por todos os continentes. Podem ser considerados, assim, os principais competidores do homem no mundo, causando diversos problemas. Entre eles, estão os danos à agricultura, com a destruição de significativo percentual de plantações. Diante disso, tem sido dada ênfase aos estudos de seu sistema digestivo para o desenvolvimento de novos procedimentos para controlá-los.

É o que faz Walter Ribeiro Terra, professor do Departamento de Bioquímica do Instituto de Química da USP (IQ-USP) e responsável pelo Laboratório de Bioquímica de Insetos. “Se você pretende criar métodos de controle, tem que atacar o animal de alguma maneira para matá-lo”, explica. “A via digestiva é a melhor alternativa por ser necessariamente mais sensível, já que o inseto precisa absorver o que vai digerir.” Além disso, essa é a principal área de contato deles com o meio-ambiente.

A tarefa, no entanto, não é fácil. “Nós conhecemos muito menos sobre a digestão nos insetos do que gostaríamos”, declara o professor. A enorme variedade de animais da classe, cada um com suas peculiaridades, dificulta o trabalho.

No Laboratório de Bioquímica de Insetos, Terra e sua equipe procuram trabalhar em escala molecular os modelos propostos para o funcionamento do aparelho digestivo desses animais. Os alvos dos estudos são enzimas digestivas, células transportadoras, membranas de células intestinais e membranas que revestem o alimento no interior do intestino, entre outros detalhes. “Os métodos usados para o controle desses animais agem em nível molecular”, explica Terra. “Você tem que saber o que eles vão fazer no organismo do inseto. Por isso, o estudo molecular ajuda a definir alvos melhores.”

Os métodos aos quais o professor se refere são o uso de inseticidas ou a produção de plantas transgênicas que possuam a molécula que matará o inseto. O segundo é o principal foco de suas pesquisas. “Em última instância, o que a gente espera é que nossos projetos sejam utilizados para produção de transgênicos. A maior parte do tempo, porém, o que fazemos é a pesquisa básica que será útil para isso”, declara. O Laboratório chegou a produzir alguns transgênicos. A legislação vigente na época – período em que Marina Silva era ministra do Meio-Ambiente, de 2003 a 2008 –, no entanto, dificultava o licenciamento dos produtos. “Acabamos desistindo. No momento, estamos aguardando para ver se fica mais fácil essa produção.”

A pesquisa está em curso há mais de 30 anos. Segundo o professor, no começo era dada pouca importância à área. Ele e sua equipe estavam praticamente sozinhos no estudo. Hoje, atuam com diversas parcerias: O Centro de Microscopia Eletrônica do Instituto de Biociências da USP; o Laboratório Nacional de Luz Sincrotron; e professores da Escola Superior da Agricultura Luiz de Queiroz da USP participam do projeto, que é interdisciplinar – envolve de biologia molecular a enzimologia.

O que mudou foi que, antes, os inseticidas funcionavam. “Depois, percebeu-se que eles causavam danos ambientas gravíssimos, e que o estudo do sistema digestivos dos insetos era importante para se desenvolver produtos alternativos”, explica Terra. Para ele, o estudo tem, além de tudo, forte apelo ambiental. “As moléculas que nosso trabalho sugere são muito menos prejudiciais, ecologicamente falando, do que as que se usa hoje em dia.”

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