ISSN 2359-5191

23/09/2004 - Ano: 37 - Edição Nº: 12 - Ciência e Tecnologia - Instituto de Geociências
Estudo tenta entender a incorporação de elementos “estranhos” na produção de cimento

São Paulo (AUN - USP) - O professor do IGC-USP (Instituto de Geociências) Fábio Ramos Dias Andrade pesquisa a incorporação de elementos estranhos durante o processo de queima na produção do cimento Portland. Na queima do cimento, são utilizados como combustível principal o óleo diesel ou o carvão mineral, mas, recentemente, as cimenteiras têm utilizado alternativas mais baratas, como pneus, tintas, vernizes e até restos de abatedouro. É nessas condições que surgem no processo os elementos estranhos que se incorporam ao produto final, especificamente o Vanádio, o Zinco e o Chumbo.

O estudo dos elementos incorporados no cimento é um parâmetro fundamental para poder avaliar os benefícios e os riscos de se queimar lixo tóxico na fabricação do cimento. Além disso, o aspecto industrial é importante, pois é um produto de grande consumo, grande uso de matéria-prima mineral e trata-se também da destinação dos resíduos industrias.

As cimenteiras têm utilizado lixo industrial como alternativa para baratear o gasto com combustíveis para os fornos. Além disso, as empresas que se desfazem do lixo industrial de uma forma não prejudicial ao meio ambiente recebem um incentivo financeiro do governo. No entanto, as vantagens de se utilizar desse tipo de combustível não são só financeiras: esse procedimento tem uma importância fundamental para o meio ambiente, pois o cimento acaba agregando elementos que podem ser tóxicos, se lançados diretamente no solo ou na atmosfera.

O agrupamento de moléculas altera a qualidade final do cimento. Por exemplo, podem alterar a viscosidade do produto na fase líquida, ou aumentar a porosidade na fase sólida. Porém, “nada que altere drasticamente a qualidade do cimento”, tranqüiliza Fábio Andrade. Além disso, o professor ressalta que ainda não foram detectadas nas pesquisas evidências de que a queima do cimento utilizando os combustíveis alternativos seja ambientalmente perigoso.

Segundo o professor Fábio Andrade, as cimenteiras são bem fiscalizadas pelo Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente). Isso impede que as empresas se beneficiem do incentivo e queimem o lixo sem os cuidados necessários. O Conama exige que as empresas licenciadas para este tipo de serviço façam relatórios constantes e utilizem nos fornos um filtro eletrolítico, que tem a eficiência de 99,9% de retenção de elementos considerados tóxicos.

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