São Paulo (AUN - USP) - No dia 29 de novembro, o sociólogo e professor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, Ruy Braga, lançou seu livro A Política do Precariado: do Populismo à Hegemonia (264 págs., R$ 39,00, Boitempo Editorial). Junto com o lançamento, aconteceu um debate sobre algumas questões do livro com a participação de André Singer, Ricardo Musse e a presença ilustre de Chico de Oliveira.
Com base na sociologia marxista crítica, Braga propõe uma leitura inovadora do populismo fordista ao atual lulismo. Ele inicia o livro explicando o conceito de precariado. Essa questão foi uma das primeiras colocadas por Singer na discussão. Para o cientista político, Ruy Braga generaliza o conceito e dá a impressão de que todos os precarizados são igualados aos subproletariados. O que, para o especialista, não acontece, uma vez que, “essa definição borra a separação que existe entre quem tem carteira assinada e direitos garantidos de quem não tem (não pode fazer greve, por exemplo) e nos faz deixar de ver que a diferença entre eles é muito grande”.
Para esclarecer, o autor explica que o termo, aceito a partir da sociologia francesa, se refere, em função salarial, a uma parte integrante da classe trabalhadora, que não se trata de todo e qualquer trabalho formal. Trata-se daqueles dos quais estão fora os qualificados, as ocupações com autonomia. São os outros que estão entre a “fração enorme exprimida entre a exploração e à exclusão social”. Mas que a precariedade é inevitável no processo de mercantilização do trabalho.
O livro, fruto da pesquisa acadêmica de Braga, aborda a sociologia brasileira, sobretudo da que se fez em São Paulo e do populismo, e tenta decifrar a relação entre o proletariado precarizado e a hegemonia lulista. “É um resgate à produção sociológica da USP”, explica Chico.
Contando a história do PT e em busca de compreender a atual formação de classes no Brasil, a publicação fala dos movimentos sindicais, das mudanças políticas, e questiona a acomodação da classe operária, mesmo com uma certa inquietação presente.
Ruy Braga, a partir de uma visão benjaminiana, propõe uma revisita à sociologia do trabalho, estudando a situação permanente de insegurança do trabalhador precarizado e talvez acomodada mediante uma função parcial diante da economia. O que mais uma vez foi rebatido por Singer, que acredita “à medida que as condições melhoram, as lutas também melhoram. O progresso é lento, mas não estamos indo para trás [como aparenta o seu estudo], o lulismo não representa a cristalização do atraso”.