ISSN 2359-5191

14/10/2004 - Ano: 37 - Edição Nº: 14 - Sociedade - Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas
Dissertação da Faculdade de Filosofia propõe nova e heterodoxa interpretação do pensamento nietzschiano
Texto trata o pensador de modo muito mais flexível e coerente do que a crítica clássica o fez até hoje.

São Paulo (AUN - USP) - “Deus está morto”. Por frases como esta e aforismos de forte impacto para a moral de sua época (segunda metade do século XIX), o filósofo alemão Friedrich Nietzsche é bastante conhecido por sua filosofia “demolidora de dogmas” e sua contundente crítica dos valores. No departamento de Filosofia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, será apresentada uma dissertação de mestrado, “Filosofia do Perigoso Talvez: ensaio sobre o 'Para além do Bem e do Mal' de Nietzsche”, que propõe novos caminhos para interpretação da filosofia do pensador alemão. Este estudo do pensamento nietzschiano foi desenvolvido por Carlos Eduardo Ribeiro, 26, e faz parte do GEN – Grupo de Estudos Nietzsche, liderado pela Profa. Scarlett Zerbetto Marton, especialista em filosofia moderna, contemporânea e alemã.

Essa dissertação de Mestrado abre caminhos para novos desdobramentos da filosofia nietzschiana: organiza de um novo modo a interpretação das vertentes corrosiva e construtiva do pensamento do filósofo conforme o “experimentalismo” que ele propõe. Enquanto isso, até hoje, a filosofia nietzschiana tem sido geralmente lida de forma radicalmente dicotômica, entre um ‘Não’ - destruidor dos dogmas vigentes da cultura, e um ‘Sim’ - afirmação em favor da vida.

Definido, pelo próprio autor da dissertação como o “Filósofo do Talvez”, o autor de Para Além do Bem e do Mal, não seria, na verdade, o filósofo dividido somente entre o esforço para extinguir todo e qualquer vestígio de dogma conhecido de sua cultura e a conseqüente necessidade de se impor novos dogmas e padrões de cultura para o ‘novo homem’. Essa interpretação, usualmente aceita pela crítica e que interpreta esses aspectos como um Método Filosófico utilizado por Nietszche, é questionada por Eduardo Ribeiro, que a lê através de um novo ponto de vista: como uma Postura Filosófica de Nietzsche diante dos acontecimentos de seu mundo.

Experimentalismo como Postura Filosófica

Segundo Eduardo Ribeiro, não seria coerente um pensador tão crítico dos dogmas de sua época e da tradição filosófica possuir um novo dogma: a simples necessidade de substituição da presente cultura como base para uma nova filosofia. Assim, ele assumiria uma nova “postura face ao discurso filosófico”, isto é, uma forma diferente de tratar a própria filosofia. Esta nova forma de pensar é o experimentalismo que permite e até aceita um novo campo de possibilidades para a moral a qual ele critica.

Nesse princípio de século XXI, compreender o “Experimentalismo como Postura Filosófica” em Nietzsche permite julgar os dogmas que formam nossa cultura de maneira muito mais profunda e não tendenciosa, do que a analisando da tradicional forma dicotômica do ‘Sim’ e do ‘Não’. Sendo Nietzsche considerado como o grande destruidor de todos os dogmas, seria muito mais coerente reconhecer essa constante interrogação em sua filosofia, ao invés de apenas enxergá-lo como um pensador disposto a negar todos os aspectos de sua própria cultura, onde sua filosofia está fundamentada.

Mais informações: 11 – 9574-0452

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