São Paulo (AUN - USP) - Em 2012 comemoram-se os 300 anos de nascimento de Jean-Jacques Rousseau. Em homenagem à data, a Faculdade de Educação (FE) da USP promoveu a II Jornada de Filosofia da Educação da FEUSP: Rousseau 300 anos. Quem abriu o evento foi o professor Claudio A. Dalbosco, da Universidade de Passo Fundo, que abordou em sua fala o estado de natureza e a noção de infância em Rousseau.
Dalbosco iniciou comentando a definição da criança como um ser mais sensitivo do que intelectivo, visto que a infância é relacionada com a ideia de liberdade. Dessa forma, para Rousseau, existem dois princípios fundamentais anteriores à racionalidade, quais sejam o amor de si – isto é, o instinto humano que busca agir conservando a vida a qualquer preço – e a piedade, reguladora da agressividade subjacente à defesa da vida. “O significado flosófico da infância é dada pelo estado de natureza do homem, no qual este é pré-racional, pré-moral e pré-social”, explica o professor. Assim, o estado de natureza é uma construção normativa da infância, em que a razão pode ser vista como uma faculdade virtual ou uma potencialidade, de modo que a educação, então, pode ser encarada como um processo pedagógico que visa a maioridade, ou seja, o autogoverno.
A liberdade é uma condição originária do homem natural e, portanto, a dignidade humana da criança só pode ser constituída mediante o reconhecimento desse fato. Dessa maneira, é preciso que haja na infância o respeito pelo desenvolvimento natural para que a criança obtenha uma inserção adequada na ordem das coisas e nutra em si o sentimento de amor à ordem, pois, assim, como disse Rousseau: “a humanidade tem seu lugar na ordem das coisas e a infância tem o seu na ordem da vida humana”.
Nesse aspecto, é necessário que o educador preserve a espontaneidade mas a limite para que possa fazer valer também sua autoridade. “Dessa forma a criança poderá ser ensinada a ver com seus próprios olhos, sentir com seu próprio coração e ser senhora de sua própria razão”, afirma Dalbosco.