ISSN 2359-5191

26/04/2013 - Ano: 46 - Edição Nº: 11 - Ciência e Tecnologia - Escola de Comunicações e Artes
Bibliotecas conectadas aos usuários
Pesquisa da ECA mostra que bibliotecas universitárias precisam se reinventar com ajuda das mídias sociais

Os benefícios trazidos com uso das redes sociais pelas bibliotecas universitárias ainda são menores que os desafios enfrentados para consolidar essa prática. É o que constata a dissertação de mestrado da  bibliotecária Giseli Adornato de Aguiar, defendida no ano passado. Essa realidade é, no entanto, natural, visto que a maioria das bibliotecas só entrou para esse universo nos últimos três anos. “A gente ainda está numa fase de experimentação dessas ferramentas. As bibliotecas sabem a importância de utiliza-las, mas ainda não sabem muito bem como”, reforça Giseli.

Em sua tese, a bibliotecária fez um estudo exploratório do uso das mídias sociais pelas bibliotecas das três maiores universidades de São Paulo: USP, Unesp e Unicamp. Tendo como foco os profissionais que lidam com as mídias nas bibliotecas, a pesquisadora procurou avaliar como o trabalho vinha sendo feito e detectou as falhas e acertos do processo.

A importância das redes sociais

Foi ao criar um Twitter e, posteriormente, um Blog para a biblioteca onde trabalha, na Faculdade de Economia e Administração (FEA/USP), que Giseli notou a falta de um parâmetro para trabalhar com as redes sociais no caso específico das bibliotecas universitárias. “Pelas estatísticas do Twitter e do Blog eu notei que havia um interesse por parte dos usuários, mas faltava informação voltada para nós, bibliotecários, sobre como trabalhar essas ferramentas”, afirma.

Na primeira fase, a pesquisadora enviou questionários para as 101 bibliotecas  das universidades estudadas e posteriormente escolheu 6 delas para fazer entrevistas mais detalhadas. No estudo geral, Giseli constatou que quase metade das bibliotecas universitárias faziam uso das redes, principalmente Twitter e Facebook, mas nenhuma delas tinha equipes contratadas exclusivamente para trabalhar com isso. Além disso, Giseli notou que as redes eram usadas de modo geral para a divulgação dos serviços da biblioteca, sem explorar muito a principal característica delas, que é a interatividade.

Desafios e acertos

A experiência da bibliotecária na FEA mostrou que a publicação de conteúdos exclusivos para a internet foi muito funcional para os usuários. A produção de tutoriais para auxiliar no uso de ferramentas como o Google Acadêmico, por exemplo, além de facilitar o acesso a informação para os usuários da USP, também torna acessíveis para o público externo informações que antes só poderiam ser adquiridas nos treinamentos oferecidos no espaço físico da biblioteca, reforçando o caráter público da universidade.

Giseli afirma que um problema observado pela maioria dos profissionais que responderam ao questionário é a falta de uma estatística formal que comprove a eficiência do uso das redes sociais para atingir o público. Sem esses dados fica difícil convencer as diretorias de que as redes são sim uma ferramenta necessária, na qual vale a pena investir.

Uma das universidades estudadas por Giseli ofereceu um curso de três meses para capacitar os funcionários na utilização das redes sociais, o que, na opinião da bibliotecária foi fundamental para a melhora no uso das ferramentas. Essa universidade, cujo nome a pesquisadora prefere manter em sigilo, é a única em que já há um acompanhamento de quais redes sociais o público das bibliotecas está utilizando. “Isso também é um desafio, as ferramentas mudam muito rápido”.

 

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