Os benefícios trazidos com uso das redes sociais pelas bibliotecas universitárias ainda são menores que os desafios enfrentados para consolidar essa prática. É o que constata a dissertação de mestrado da bibliotecária Giseli Adornato de Aguiar, defendida no ano passado. Essa realidade é, no entanto, natural, visto que a maioria das bibliotecas só entrou para esse universo nos últimos três anos. “A gente ainda está numa fase de experimentação dessas ferramentas. As bibliotecas sabem a importância de utiliza-las, mas ainda não sabem muito bem como”, reforça Giseli.
Em sua tese, a bibliotecária fez um estudo exploratório do uso das mídias sociais pelas bibliotecas das três maiores universidades de São Paulo: USP, Unesp e Unicamp. Tendo como foco os profissionais que lidam com as mídias nas bibliotecas, a pesquisadora procurou avaliar como o trabalho vinha sendo feito e detectou as falhas e acertos do processo.
A importância das redes sociais
Foi ao criar um Twitter e, posteriormente, um Blog para a biblioteca onde trabalha, na Faculdade de Economia e Administração (FEA/USP), que Giseli notou a falta de um parâmetro para trabalhar com as redes sociais no caso específico das bibliotecas universitárias. “Pelas estatísticas do Twitter e do Blog eu notei que havia um interesse por parte dos usuários, mas faltava informação voltada para nós, bibliotecários, sobre como trabalhar essas ferramentas”, afirma.
Na primeira fase, a pesquisadora enviou questionários para as 101 bibliotecas das universidades estudadas e posteriormente escolheu 6 delas para fazer entrevistas mais detalhadas. No estudo geral, Giseli constatou que quase metade das bibliotecas universitárias faziam uso das redes, principalmente Twitter e Facebook, mas nenhuma delas tinha equipes contratadas exclusivamente para trabalhar com isso. Além disso, Giseli notou que as redes eram usadas de modo geral para a divulgação dos serviços da biblioteca, sem explorar muito a principal característica delas, que é a interatividade.
Desafios e acertos
A experiência da bibliotecária na FEA mostrou que a publicação de conteúdos exclusivos para a internet foi muito funcional para os usuários. A produção de tutoriais para auxiliar no uso de ferramentas como o Google Acadêmico, por exemplo, além de facilitar o acesso a informação para os usuários da USP, também torna acessíveis para o público externo informações que antes só poderiam ser adquiridas nos treinamentos oferecidos no espaço físico da biblioteca, reforçando o caráter público da universidade.
Giseli afirma que um problema observado pela maioria dos profissionais que responderam ao questionário é a falta de uma estatística formal que comprove a eficiência do uso das redes sociais para atingir o público. Sem esses dados fica difícil convencer as diretorias de que as redes são sim uma ferramenta necessária, na qual vale a pena investir.
Uma das universidades estudadas por Giseli ofereceu um curso de três meses para capacitar os funcionários na utilização das redes sociais, o que, na opinião da bibliotecária foi fundamental para a melhora no uso das ferramentas. Essa universidade, cujo nome a pesquisadora prefere manter em sigilo, é a única em que já há um acompanhamento de quais redes sociais o público das bibliotecas está utilizando. “Isso também é um desafio, as ferramentas mudam muito rápido”.