São Paulo (AUN - USP) - A preservação e o tratamento das águas têm-se mostrado de urgente importância, sobretudo na iminência de racionamento, que deve começar em abril deste ano. A isso se relaciona a linha de pesquisa do professor Jorge Masini, do Instituto de Química da USP, que desenvolveu métodos analíticos de indicadores de poluição de águas naturais (rios, lagos, mares) e residuais (fábricas e de estações de tratamento de esgoto). A inovação consiste na automação desses métodos, para que sejam aplicados diretamente em campo e precedam de coletas e de laboratórios.
A análise feita determina a concentração de metais pesados poluentes como cobre, chumbo, cádmio, zinco e cromo – que caem na rede de abastecimento e são nocivos à saúde humana e biota (plantas e animais) –, e de nutrientes como nitrato, fosfato, silicato e sulfato. Estes nutrientes, quando em grande quantidade, levam ao aumento populacional de algas e, conseqüentemente, ao consumo de todo o oxigênio da água, o que se denomina estado de eutrofização, e que pode levar à formação de outras espécies como nitrito e sulfeto.
A Cetesb monitora rios com sensores de temperatura e de pH, entre outros, porém não possui sensores para as espécies químicas citadas acima. Um sensor como este envolveria reações químicas e análises realizadas somente em laboratórios. O projeto é desenvolver um sistema de análise automatizado para detectar essas espécies químicas em tempo real, ou seja, em estações de monitoramento no próprio rio, sem que seja necessária a coleta de amostras ou a análise em laboratório. Para isso, é necessário adaptar os métodos convencionais ao campo.
O sistema utilizado pelo professor Jorge consiste num conjunto de bombas e válvulas controladas por computador que aspira as soluções e executa automaticamente os processos que seriam feitos manualmente no laboratório. Baseia-se no sistema de Análise por Injeção Seqüencial (AIS), estudado durante seu estágio de pós-doutoramento.
A pesquisa utiliza um método aceito pela legislação para controle de qualidade das águas, e é, segundo o professor, "um método confiável, e não um novo método". O benefício, dentro da universidade, é a formação de recursos humanos – mestres e doutores da área de química ambiental. Fora dela, além de contribuir para o controle da poluição do meio-ambiente aquático, fornecer subsídios para que a iniciativa privada possa desenvolver e implantar a instrumentação. O projeto, financiado pela Fapesp, já rendeu uma dissertação de Mestrado desde 1997 e deve proporcionar, ainda neste semestre, duas teses de Doutorado.