ISSN 2359-5191

24/05/2013 - Ano: 46 - Edição Nº: 24 - Saúde - Instituto de Química
Pesquisa explora componentes de plantas para tratamento de câncer

A recente descoberta trata de interações regulatórias complexas em proteínas que determinam o destino das células, desde sua sobrevivência até sua destruição. No segundo caso, é possível identificar uma potencial arma na luta contra certos tipos de câncer. Fruto do trabalho do laboratório de pesquisa de Andrea Doseff, professora argentina que leciona atualmente na Universidade de Ohio, o estudo foca em propriedades presentes em plantas comuns, encontradas na alimentação cotidiana da população. O grupo de pesquisa engloba estudantes de graduação e pós-graduação de diversas nacionalidades e as recentes descobertas foram expostas em um seminário organizado pelo Instituto de Química da Universidade de São Paulo.

Os estudos se direcionaram no sentido de identificar os caminhos e mecanismos que contribuem para a ativação e inibição das caspases, grupos de enzimas que, dentre outras funções, são essenciais para um dos processos de morte celular programada, a apoptose. Desta forma, a pesquisa foca na busca pela compreensão das ferramentas envolvidas na regulação da caspase de tal forma que seja possível manipular o destino de determinadas células, estabelecendo a morte celular em tumores e inflamações, por exemplo.

Há, portanto, uma busca pelo entendendimento da atuação da caspase em toda a sua complexidade e, para isso, é necessário identificar as proteínas responsáveis por sua ativação e regulação. Isso possibilitou um maior controle sobre a atividade desse grupo de enzimas e seu potencial “letal”, o que permitiu isolar determinadas proteínas reguladoras e mapear os meios que viabilizam a modulação da apoptose. Os estudos identificaram a caspase-3 como principal ativadora da apoptose, chamada até mesmo de “caspase assassina” ou “caspase bomba”.

A pesquisa demonstrou também que a presença de algumas proteínas quinase C (PKC), uma família de enzimas que modificam outras proteínas, são fatores que contribuem para a apoptose. As  PKC, em especial PKC8, interagem com a caspase-3 e promovem sua atividade. Isso estabelece certos níveis de atividade apoptótica dependendo de seu estado de diferenciação. Foi descoberta também a importante interação com certas proteínas auxiliares, conhecidas como “proteínas de choque térmico” ou Hsp (heat shock proteins), principalmente a Hsp27. Esta, por sua vez, caracteriza-se como inibidora da atividade apoptótiva da caspase. Esses dois mecanismos reguladores permitiram portanto perceber diversas relações que se pode estabelecer e levantar questionamentos acerca das possibilidades de domínio da atividade apoptótica promovida pela caspase-3.

Com esses resultados podem ser obtidas várias perspectivas. A investigação de flavonóides de plantas tem se relacionado com seu potencial de induzir apoptose especialmente em células cancerígenas e reduzir inflamações. Esses achados abrem portas para novas abordagens no sentido de regular e dominar a ação dessas determinadas proteínas na destruição de células malignas e em casos de inflamação. Durante a pesquisa foram executados testes em tumores de mama presentes em ratos e os resultados foram bastante positivos na destruição dessas células indesejadas, o que traz um panorama de otimismo na continuidade do projeto.

A pesquisadora ressalta as implicações diversas na área de saúde. “Passar a tratar pacientes utilizando elementos fitoquímicos como comidas e componentes presentes nesses alimentos pode ajudar a curar cânceres”, comenta. A pesquisa mostra novos mecanismos para a redução de cânceres como o de mama. Além disso, apresenta moléculas que são boas como anti-inflamatórios, por isso podem ser aplicadas em casos de bactérias que invadem o corpo humano. “Um exemplo dessa aplicação é o caso da meningite, no qual o fruto desse estudo seria bastante eficaz como forma de tratamento”, ressalta Doseff. A pesquisa apresenta um novo mecanismo de ação dessas determinadas moléculas, descrevendo uma nova metodologia e abordagem. Segundo a professora, “deste modo podemos compreender melhor como proteínas propriamente humanas estão envolvidas na regulação do câncer.”

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