O Giro Cultural, projeto desenvolvido recentemente na Pró-Reitoria de Cultura e Extensão, é um dos frutos de uma pesquisa realizada pela Escola de Comunicações e Artes (ECA/USP). A iniciativa, que tem como objetivo a divulgação do patrimônio artístico, cultural e arquitetônico da USP através de visitas pré-agendadas e monitoradas, vem da vontade exposta pelos visitantes de descobrir o que a USP tem para oferecer. “O embrião veio de um projeto intitulado 'Roteiros Turísticos na Cidade Universitária', de 2005, desenvolvido, sob minha supervisão, por um bolsista do Centro de Visitantes, que está citado nessa pesquisa. Vimos, dentre outras coisas, que as pessoas queriam conhecer os museus e outras possibilidades que a Universidade oferece para o público externo”, afirma a pesquisadora Leandra Rajczuk Martins.
Intercambistas conhecem a USP com o Giro Cultural. Créditos: Cecília Bastos/Jornal da USP
Universidade para o Público
Em sua dissertação de mestrado, defendida em 2008, Leandra procurou, através da aplicação de questionários, descobrir qual era a imagem que a USP passava para o público. “Percebi que a gente tem uma demanda que vem de fora, da sociedade, e nada mais justo, pois é ela que nos mantém. Eu queria, então, saber qual a visão que eles tinham da Universidade”. A pesquisadora constatou que a maioria das pessoas via a USP como referência e que, na visão do público, a Universidade tem como principal função o ensino.
Essa última constatação surpreendeu a pesquisadora e levanta um questionamento sobre a eficiência da comunicação da USP com a comunidade externa. Os entrevistados, ao responderem qual seria a principal função da Universidade, entre ensino, pesquisa e extensão, citaram muito pouco a última opção. “Isso me surpreendeu porque o que você faz com a comunidade externa é extensão, mas eles citam mais o ensino”, afirma Leandra. Falta, portanto, uma melhoria no diálogo entre Universidade e público externo.
Espaço de Lazer
Os questionários foram aplicados em três canais: o Centro de Visitantes (físico, localizado na Cidade Universitária), o Fale com a USP (canal de atendimento eletrônico do Portal da Universidade na internet) e o site USP Notícias (também do Portal). Enquanto nos dois primeiros a maioria dos participantes pertencia ao público externo, no último a maioria era da USP.
Foi possível observar que entre os visitantes físicos, a imagem da Universidade estava muito ligada ao lazer e foram poucas as respostas negativas. Dos mais de cem questionários respondidos, apenas três continham críticas à Universidade. No Fale com a USP, no entanto, essas representações negativas ocuparam o terceiro lugar entre as 13 categorias criadas por Leandra para organizar as respostas - Referência, Educação, Mito, Ascensão Social, Centro de Produção de Conhecimento, Progresso Social, Extensão, Cidadania, Assistência, Interatividade, Área verde e Área de escape (do trânsito da cidade de São Paulo).
É possível perceber, a partir disso, que a proximidade com a Universidade é efetiva na quebra de preconceitos do público externo em relação a ela. Para a pesquisadora, seria interessante que houvesse um trabalho de convergência de áreas no Centro de Visitantes, com profissionais de várias especialidades que auxiliassem na apresentação dos diversos serviços da Universidade para o público.