ISSN 2359-5191

05/06/2013 - Ano: 46 - Edição Nº: 30 - Arte e Cultura - Escola de Comunicações e Artes
Dubladores pedem maior reconhecimento

A legislação brasileira ainda não é suficiente para garantir os direitos dos dubladores no país. Esse foi um dos temas debatidos na palestra sobre dublagem e dubladores, realizada no último dia 14. Promovida pelo Departamento de Cinema, Rádio e Televisão da Escola de Comunicações e Arte (ECA/USP), a mesa contou com a presença dos dubladores profissionais Fábio Lucindo, Flávio Dias e Agnaldo Ribeiro.

Flávio Dias, que já faz mais de 8 mil trabalhos de dublagem, entre eles personagens célebres como o Pernalonga e o Patolino, falou sobre o problema da legislação. Ele afirma que as produtoras internacionais impõem aos dubladores contratos que, além de possuírem cláusulas obscuras, não respeitam a lei nº 9.610 da constituição brasileira, legislação específica que existe para proteger os direitos dos artistas.

 Aqui, uma vez que um filme, desenho ou série foi dublado, ele circula livremente, sem que seja feita uma renovação do contrato ou pagos direitos sobre novas formas de reprodução. “Quando alguém dubla um filme para a TV e, posteriormente, ele é lançado em um box de DVD’s, por exemplo, o dublador deveria receber direitos sobre o novo formato”, afirma Dias. “Na prática, isso não acontece. Eles dizem que estava implícito no contrato que isso poderia ser feito, mas se for assim, qualquer coisa está implícita!”, completa.

Agnaldo Ribeiro, que costuma fazer trabalhos de dublagem e narração publicitária na Argentina e no Chile lembra que nesses países a legislação é mais avançada. “No Brasil você assina um contrato e a peça publicitária fica no ar para sempre com a sua voz. Lá fora são feitos contratos mais curtos que podem ou não ser renovados, e você recebe por isso.”

Outra questão levantada pelos dubladores é o caráter artístico da profissão. “Quando você assiste a um filme dublado, tem duas obras de arte diferentes: a imagem e o áudio”, ressalta Dias. Eles reforçaram a ideia de que dublagem é um trabalho artístico como qualquer outro e deve ser valorizada como tal.

 Para se tornar dublador, não basta saber imitar bem a voz de um personagem, é preciso ser ator profissional. Uma boa equipe de dubladores pode custar caro e muitas vezes os estúdios optam por contratar profissionais pouco qualificados, que cobram menos, porém oferecem um serviço de menor qualidade.

Dias afirma ser contra os cursos de dublagem justamente por esse motivo. O dublador conta que muita gente se sente atraída pelo pagamento – cerca de R$100,00 por hora de trabalho – e, ainda que não tenha nenhum histórico de estudo ou atuação na área das artes dramáticas, faz um breve curso e compete no mercado de igual para igual com profissionais que tem uma qualificação maior. Por isso tem aumentado, principalmente nos canais a cabo, dublagens de qualidade muito baixa. “Um ator fazer um curso para se especializar em dublagem é aceitável, mas o curso sozinho não é suficiente”, reforça. 

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