ISSN 2359-5191

05/06/2013 - Ano: 46 - Edição Nº: 30 - Sociedade - Escola de Comunicações e Artes
Um a cada quatro brasileiros é homofóbico

Com o apoio da Fundação Perseu Abramo, Gustavo Venturi, pesquisador e professor do curso de ciências sociais da USP, fez o primeiro panorama quantitativo da homofobia no Brasil, realizado em 2009. O estudo foi tema da segunda palestra dos Seminários Avançados sobre Diversidade, na Escola de Comunicações e Artes (ECA/USP) e mostra uma situação alarmante do preconceito velado e declarado contra os homossexuais.

Segundo dados da pesquisa, 99% da população brasileira possui algum grau de preconceito contra gays, lésbicas, bissexuais ou transexuais. Venturi ressalta, no entanto, que há diferença entre preconceito e homofobia. “Procuramos definir preconceito como uma questão de valor que não necessariamente implica comportamento discriminatório, enquanto a homofobia apresenta essa tendência”. Feita a distinção, foi possível perceber que 25% da população é, de fato, homofóbica.

Esse valor é ainda maior entre os homens: um a cada três apresenta caráter homofóbico, enquanto entre as mulheres a estatística cai para uma a cada cinco. Uma das fases da pesquisa foi feita através de 2014 questionários aplicados à população não homossexual. Para que o estudo fosse preciso, os pesquisadores trabalharam com a ideia de preconceito assumido e velado.

Dos entrevistados, somente cerca de 28% assumiram possuir algum tipo de preconceito contra homossexuais, mas quando confrontados com frases de uso comum como “a homossexualidade é uma doença que precisa ser tratada”  ou “ mulher que vira lésbica é por que não conheceu homem de verdade”, o grau de concordância constatou que o preconceito velado atingia a maior parte da população. O maior é exemplo disso é que a cada 12 entrevistados, 11 concordaram com a afirmação “Deus fez o homem e a mulher [com sexos diferentes] para que cumpram seu papel e tenham filhos”.

A pesquisa constatou ainda que a escolaridade é determinante para a diminuição do preconceito. Quanto maior o grau de instrução, menos pessoas são classificadas como homofóbicas. Entre os idosos e a população rural, o índice de homofobia se apresentou maior. 

Fonte: Pesquisa "Diversidade Sexual e Homofobia no Brasil -Intolerância e respeito às diferenças sexuais", Fundação Perseu Abramo

Uma pesquisa semelhante foi realizada em 2003 para mensurar o racismo no Brasil. Gustavo Venturi comparou alguns dados mostrando que a lei que criminaliza o racismo há mais de uma década foi eficiente pelo menos no controle do preconceito assumido. Se na pesquisa da homofobia 28% se assumiram preconceituosos, na do racismo esse número cai para 4%. “Não quero dizer que os 4% são ideais, até porque muita gente é racista e não assume. O que isso aqui mede também é a naturalidade com que as pessoas dizem: sim, não gosto de gays”, ressalta o pesquisador. “Por isso é importante entrar nessa discussão da lei que criminalize a homofobia. Os preconceitos se reproduzem se são externados e, à medida que a sociedade limita essa liberdade, o preconceito cresce com menos força.”

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