São Paulo (AUN - USP) - A partir da Fuvest 2005, cuja primeira fase se realizará ainda este mês, os candidatos já têm opções de novos cursos, oferecidos na USP Leste, que receberão um total de 1.020 alunos no ano que vem. O curso mais disputado neste primeiro ano do novo campus da USP é o de Sistemas de Informação, com 9,47 candidatos por vaga.
Inicialmente, a proposta de aumentar a disponibilidade de vagas da USP previa que no espaço da Zona Leste de São Paulo, pertencente ao campus da capital, seriam criadas vagas na área de humanas. Em ciências exatas, a ampliação se daria no campus de São Carlos, e, em biológicas, no de Ribeirão Preto. A história da mudança desse conceito inicial para um projeto com ênfase na multidisciplinaridade foi exposta em seminário apresentado no Instituto de Química da USP, pelo professor Antônio Figueiredo Neto, do Instituto de Física.
Enquanto os Grupos de Trabalho sobre os novos cursos se formavam, por volta de maio de 2003, havia entre pesquisadores dedicados às ciências naturais uma sensação de dificuldade de integração entre as diferentes áreas e departamentos. Barreiras tanto físicas - como a separação e distância entre unidades - quanto intelectuais, como o jargão específico de cada área, eram vistas como entraves ao desenvolvimento de pesquisas que integrassem diferentes áreas do conhecimento, embora já existissem projetos com participação dos Institutos de Química, Física, Biologia e Ciências Biológicas. Foi enviada à Reitoria uma proposta de criação de um instituto de ciências que servisse a projetos que integrassem áreas sem, no entanto, se sobrepor às unidades e departamentos já existentes – como exemplo bem-sucedido, foi citado o curso de Ciências Moleculares, cujos alunos, selecionados em diversas unidades, têm formação multidisciplinar. A Reitoria sugeriu que o novo instituto fosse para a USP Leste.
Surgiu, então, um Grupo de Trabalho de Ciências Básicas, formado por professores de várias unidades, e que conta, hoje, com 17 integrantes. O grupo elaborou duas propostas de novos cursos, das quais uma foi aprovada. O curso de Licenciatura em Ciências da Natureza formará professores de Ciências para o Ensino Fundamental. Em seu seminário, o professor afirmou que não existe ainda, no Brasil, um curso que dê formação integrada em todas as ciências da natureza, mas tais ciências são ensinadas deste modo entre a 5º e a 8ª séries do ensino fundamental. Além das ciências em si, o curso inclui disciplinas de educação e didática. O grupo sugeriu também a criação de um Departamento de Ciências da Natureza, Matemática e Tecnologia dentro da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH), núcleo da USP Leste, para abrigar atividades de pesquisa multidisciplinares. Para ele, é necessário garantir a manutenção do caráter de excelência em pesquisa da USP na nova área.
O conceito de multidisciplinaridade acabou por se tornar tão forte no planejamento da USP Leste que em 2005 as primeiras turmas de todos os cursos - tão díspares como Lazer e Turismo, Tecnologia Têxtil e da Indumentária, Gerontologia, Obstetrícia, Marketing e Gestão de Políticas Públicas, entre outros – cursarão um ciclo básico de disciplinas comuns durante o primeiro ano de seus estudos.