Pacientes com mal de Alzheimer, quando comparados com indivíduos sadios, apresentaram uma deficiência do micronutriente selênio. Este é obtido principalmente pela alimentação. A castanha-do-brasil é um exemplo de produto que apresenta altas quantidades deste mineral. Deste modo, ela passou a ser estudada pela professora Silvia Cozzolino, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP (FCF), como forma de suplementar a deficiência de selênio.
O selênio age como antioxidante fazendo parte da enzima glutationa peroxidase. Trabalha-se com a hipótese de que a suplementação com este mineral, em pacientes com demência cognitiva leve, poderia trazer benefícios. “Demos uma noz de castanha por dia, que é mais que o suficiente”, conta a professora. Os estudos ainda estão em curso. Deste modo, é feita uma avaliação se, a partir do consumo da castanha-do-brasil, há uma melhora na capacidade antioxidante dos indivíduos e um eventual retardo no aparecimento dos sintomas do Alzheimer.
O selênio também tem um papel importante para a glândula tireoide. Ele participa do processo de transformação do hormônio T4 em T3. “Nós estamos avaliando o estado nutricional relativo ao selênio, em pessoas que têm distúrbios na tireoide, para verificar se existe alguma relação da deficiência deste micronutriente com estes problemas”, afirma Silvia. Muitos dos distúrbios com os hormônios desta glândula podem não ter como origem uma disfunção fisiológica. E sim, uma deficiência de selênio.
Silvia também avaliou a dieta dos brasileiros de diferentes regiões para verificar a quantidade de selênio ingerida. A cidade de São Paulo apresentou um dos menores valores.
Zinco
Outro mineral que o grupo estuda é o zinco. Foram feitas pesquisas em grupos de pessoas sadias e doentes. Apesar dos indivíduos estarem ingerindo quantidades próximas da recomendação, o estado nutricional tem mostrado que de 20% a 30% deles apresentam valores abaixo do desejável. “Fizemos uma pesquisa entre estudantes da USP e o resultado foi que 20% apresentavam deficiência de zinco”, afirma Silvia.
O zinco é importante para o bom funcionamento do sistema imunológico. Deste modo, pessoas com deficiência são mais suscetíveis a gripes, resfriados e infecções. Além disso, o mineral é constituinte de uma proteína que transporta a vitamina A para os tecidos nos quais ela será importante. Com a deficiência do micronutriente, pode haver vitamina A armazenada, mas indisponível para ação. Sintomas como cegueira noturna podem aparecer.
O grupo também pesquisa a influência de outros minerais em casos de doenças. “Desde os anos 1980, já estudamos o ferro, o zinco, o cálcio e o selênio”, destaca Silvia. Todos possuem papéis importantes para o bom funcionamento do corpo. E, muitas vezes, não têm suas quantidades básicas preenchidas. “Normalmente, a população apresenta algumas deficiências em relação a eles”, afirma a pesquisadora.