ISSN 2359-5191

18/11/2004 - Ano: 37 - Edição Nº: 19 - Educação - Faculdade de Educação
Projeto busca promover inclusão escolar
Pesquisadora discute com professores propostas de educação inclusiva para além do contexto das deficiências

São Paulo (AUN - USP) - Buscar delinear um conceito de inclusão que ultrapasse o âmbito das deficiências, não com a intenção de formular um conceito final, mas sim de contribuir para esse debate. Esta é uma das metas buscadas pela chamada Educação Inclusiva, tema constantemente trabalhado em projetos pela pesquisadora Liliane Garcez, que defendeu em outubro na Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (FEUSP) sua pesquisa de mestrado, intitulada “Da Construção de uma Ambiência Inclusiva no Espaço Escolar”.

Liliane, que atua na área de formação de professores com projetos para escolas (em sua maioria públicas), na perspectiva da Educação Inclusiva, explica que esta proposta de ensino busca discutir com os professores e demais trabalhadores das escolas o conceito de inclusão escolar para além da idéia de escolarização de crianças com necessidades educacionais especiais, ou seja, trabalhar com a perspectiva de educação para todos. Sua dissertação foi baseada em um projeto desenvolvido por ela em uma escola municipal no bairro Jardim Jaqueline, na cidade de São Paulo.

A pesquisadora comenta que a idéia hegemônica hoje nas escolas “parece vincular o conceito de educação inclusiva à educação especial”, muitas vezes deixando de lado que as necessidades de aprendizado dos demais alunos também são parte de uma educação que atenda a singularidade humana e a pluralidade cultural presente nas instituições de ensino. Liliane também aponta para a questão da formação dos professores e suas formas de implementação, duas das preocupações centrais para a efetivação da perspectiva inclusiva na educação; para ela, busca-se mudar o olhar dos educadores, optando-se por uma homogeneização dos modos de ação e pensamento, levando-se pouco em consideração o que eles conhecem. Mais adequada, então, seria a opção pela formação continuada do professor, ou seja, uma formação ampliada dentro do próprio ambiente escolar, onde as características do grupo em questão e o conhecimento já produzido ocupassem papel de destaque para a construção de novas propostas de ação.

O projeto de pesquisa foi feito menos para constatar, mais para questionar e construir. Assim as dificuldades e êxitos foram formulados coletivamente pela escola, por seus protagonistas (professores e demais trabalhadores) e pela pesquisadora. Segundo Liliane, durante o desenrolar da pesquisa havia uma certa descrença generalizada sobre as possibilidades de transformação do cotidiano escolar, de se realizar um trabalho coletivo na escola e com relação à própria visão que o professor tem de sua atividade. Num certo sentido, o grupo, por vezes, parecia esperar uma resposta “mágica” para os problemas que se apresentavam. Ironicamente, foi saindo das respostas prontas do senso comum e dando uma resposta negativa a essas demandas também estereotipadas, que os professores puderam sentir-se de alguma forma estimulados a pensarem em propostas para superar as dificuldades que surgem no dia-a-dia da escola.

Segundo uma professora que participou de um projeto semelhante, também desenvolvido por Liliane, o curso não promoveu apenas a reflexão, mas também a fez sentir que sua ação como educadora pode ser política, e que é necessário crescer tanto como educadora como pessoa. “Não serei uma educadora apenas planejando aulas e decorando Piaget”, diz a professora, que completa: “as coisas nas quais eu acredito devo levar aonde eu for”.

A dissertação, segundo a própria autora, provavelmente estará digitalizada na íntegra até o final do ano, na Biblioteca Digital de Teses e Dissertações na USP ( http://www.teses.usp.br/ ) .

Mais informações:
E-mail: liliane.garcez@terra.com.br
Telefone: (11) 9189.3303

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