Em sua primeira passagem pelo Brasil, o professor e artista plástico Rhys Himsworth participou de um dos eventos da 3ª Virada Sustentável que aconteceu na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP). A palestra tinha como título Tecnlogia, Arte e Sustentabilidade, e também contou com a presença de Artur Matuck e Hugo Fortes, professores e doutores da ECA. Nela, Himsworth apresentou seus trabalhos de arte que fazem uso de robôs, dentre outros equipamentos tecnológicos, ou que tem a própria tecnologia como tema.
Formação e história
Himsworth deixou claro que teve uma vasta formação acadêmica - graduou-se em três faculdades de artes diferentes no Reino Unido - e que por grande parte de sua carreira trabalhou com design e principalmente com produção de gravuras. Entretanto, nos últimos cinco anos, sua vida profissional tomou outra direção.
O que ele chamou de “novas mídias” tornou-se seu foco de trabalho. Esse termo não foi utilizado no sentido de “mídia” como “imprensa”, e sim como “meio”. Ou seja, ele passou a utilizar outros meios para produzir arte, e esses meios seriam as infinitas possibilidades oferecidas quando se usa tecnologia.
Tecnologia
Para explicar suas obras e a ligação que ele e sua carreira tem com a tecnologia, Himsworth utilizou uma fala do pensador alemão Heidegger. Ela se relacionava ao fato da sociedade estar presa à tecnologia e que pior forma de encará-la seria dizer que ela é neutra, pois essa concepção – de acordo com o alemão, muito utilizada – nos torna cegos à verdadeira essência da tecnologia.
Para exemplificar a mudança que a tecnologia traz não só em aspectos práticos, mas também sociais e filosóficos, o artista utilizou os termos “autographic” (autográfico) e “reprographic” (reprográfico). Ele afirmou que houve o abandono de aspectos individuais e personalizados, como uma assinatura, que é autográfica, para substitui-los com códigos genéricos e padronizados, como senhas de cartão de crédito. A partir disso, Himsworth explicou que aliar arte à tecnologia é tomar um curso extremamente natural.
Obras
Vários de seus trabalhos mais recentes foram apresentados por fotos e vídeos, já que são de grande porte e não puderam ser transportados para o Brasil. Um deles se chama New Life (nova vida, em português), e se trata de um aparelho cardiógrafo que teve suas configurações alteradas. Ao invés de monitorar batimentos cardíacos, ele foi reprogramado para monitorar um site chamado My Death Space (Meu Espaço de Morte), cujo nome em inglês é um trocadilho com MySpace, uma das primeiras redes sociais criadas e muito utilizadas nos Estados Unidos
New Life
Nele, obtuários virtuais são criados a partir das informações que essas pessoas forneceram no MySpace. O cardiógrafo imprime as fotos das pessoas que aparecem nesse site no instante em que o perfil é criado. A ideia é refletir sobre existência pós-morte que, com o uso da tecnologia, é tão viva que tem seu próprio site ou até uma espécie de rede social.
Outro exemplo, que também faz uso da natureza além da tecnologia, é o chamado The World Within Itself (O mundo dentro dele mesmo). A obra é constituída por uma grande gaiola, pássaros, câmeras de vigiância, um mecanismo de impressora, papel e um lápis. As câmeras estão conectadas ao mecanismo de impressora que, ao invés de tinta, tem um lápis acoplado. Conforme os pássaros voam, a câmera captura esses movimentos e envia a informação ao mecanismo. Este, por sua vez, se move copiando o vôo, registrando-o com o lápis no papel que está no chão.