ISSN 2359-5191

24/11/2004 - Ano: 37 - Edição Nº: 20 - Saúde - Hospital Universitário
Pesquisa do HU testa medicamento contra asma
Comprimido oferece menos efeitos colaterais em crianças e pode ser uma opção ao tratamento da doença

São Paulo (AUN - USP) - Uma pesquisa internacional, com participação de crianças pacientes do Hospital Universitário da Universidade de São Paulo (HU-USP), testou o Montelukaste, uma nova droga contra a asma. A vantagem do medicamento é que ele é mais fácil de ser controlado, por ser um comprimido, e causa menos efeitos colaterais nos pacientes. A parte do estudo realizada no Brasil foi coordenada por João Paulo Becker Lotufo, pediatra do HU, e analisou, durante dois anos, as reações do remédio em 21 crianças de 2 a 5 anos de idade. Ao todo 658 crianças, de 30 países, participaram da pesquisa.

O Montelukaste já era utilizado por adultos e adolescentes, mas entre crianças ainda precisava ser testado, já que nelas os efeitos colaterais podem ser mais intensos. A asma é uma doença crônica (não tem cura) causada pela inflamação dos brônquios, que são canais que prolongam a traquéia e conduzem o ar para os pulmões. O medicamento testado é um antiinflamatório não corticóide, ou seja, ele atua na desinflamação desses canais e libera a passagem do ar. A função do remédio seria a mesma do que a de um tratamento tradicional, com a medicação via inalatória (sprays e bombinhas) e oral, mas com a diferença de ser não corticóide.

“Os corticóides têm um peso cultural de causar efeitos colaterais. No começo, os tratamentos eram feitos por corticóide via oral e podiam gerar retenção de líquido, aumento de peso, osteoporose e menor crescimento da criança”, explica Lotufo. O pediatra ressalta que os medicamentos antiinflamatórios corticóides de uso inalatório não oferecem esses efeitos, mas que esse peso cultural faz com que muitas pessoas ainda hoje tenham receio de usar o tratamento em seus filhos.

Nessas situações, o Montelukaste pode ser uma alternativa, já que o tratamento consiste apenas na ingestão de um comprimido por dia, durante a noite. O problema da medicação é que ela se mostrou eficaz apenas para uma parcela das crianças, entre 25% e 30%.

A nova droga é composta pelo antileucotrieno, que é uma substância produzida na parede da célula e que cria situações que podem culminar na inflamação dos brônquios. Quando algum antígeno, como a poeira, entra em contato com a mucosa respiratória, o leucotrieno é bloqueado e evita-se que os brônquios se inflamem. Mas isso só se aplica a alguns casos de asma, em muitos outros a droga não produz nenhum efeito.

“A asma é uma doença complexa, que pode ser causada por uma grande gama de motivos, e que ainda não conhecemos completamente”, diz o pediatra. Ele ressalta que o medicamento é direcionado aos pacientes com a asma persistente leve, e que em casos mais graves ele pode ser associado ao corticóide inalatório.

Mais informações: (11) 3039-9409

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