A comunicação pública e a forma como ela é feita no Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) foi o tema discutido pela assessora-chefe de Comunicação Social desse órgão, Eliana Passarelli, deu uma palestra no Departamento de Relações Públicas, Propaganda e Turismo (CRP) da Escola de Comunicações e Artes (ECA), organizada pela professora Mariangela Haswani.
Eliana esclareceu que a justiça especializada possui quatro funções, sendo elas: a administrativa, que é responsável em realizar as eleições, a jurisdicional, que resolve os conflitos eleitorais, a consultiva, que responde consultas feitas sobre matérias eleitorais, e a regulamentar, responsável por elaborar normas referentes ao processo eleitoral.
A comunicação pública do TRE, segundo a assessora, se baseia no princípio de que tudo é de interesse do cidadão, portanto, eles devem fazer uso dos mais diversos meios de comunicação para conseguir noticiar e informar como as coisas acontecem. “A Justiça Eleitoral tenta instrumentalizar o eleitor”, afirma Eliana, ao falar sobre a cultura de dar transparência a tudo que fazem que a área da comunicação social do órgão possui.
Apesar de ter esse princípio básico, algumas dificuldades surgem no caminho da comunicação, entre elas está a resistência interna. Eliana afirmou que muitas pessoas de dentro do próprio TRE ou não querem ou não acham necessária a divulgação de algumas das informações, então o trabalho da comunicação pública se dobra, pois eles precisam desenvolver uma ação para o público de dentro do órgão, para mostrar para eles a importância da transmissão dessas informações. Além disso, existem normas da Constituição Federal que eles precisam seguir.
Veiculação das informações
Com os assuntos que possuem um maior interesse jornalístico eles trabalham com uma estratégia de assessoria através de releases mesmo. Porém, de acordo com a assessora, são moderados e não ficam “lotando a caixa de entrada das pessoas”. Ao fazer esses releases, procuram fazer um material mais simples, sem todos os termos técnicos jurisdicionais, para que o jornalista consiga entender e passar para a população de maneira clara.
Outra forma que começaram a usar recentemente para manter um contato com os cidadãos e transmitir a eles a informação foi a entrada nas redes sociais. Eliana afirmou que eles já possuem um canal no Youtube e um Twitter, mas ainda têm uma certa resistência em relação ao Facebook, mesmo com outros TREs já tendo entrado na rede.
Eles possuem também um programa que passa na TV Cultura chamado Brasil Eleitor, que é mais uma maneira que encontram de passar para o público todas as informações que são necessárias
Campanhas
Ela citou então algumas campanhas que realizou desde que começou com o seu trabalho no TRE, começando com a implantação do voto eletrônico em 1996. O desafio da campanha era mostrar para os eleitores que utilizar a urna eletrônica era fácil e ensiná-los a votar. Para tornar mais fácil e menos assustador para o povo entender, eles até evitavam usar o termo “digite” para que não houvesse uma associação ao computador, que ainda era algo bastante restrito na época. Além do vídeo oficial, muitas emissoras fizeram os seus próprios boletins ensinando a população a usar a urna. A ideia principal era mostrar que “o que já era fácil, se tornou mais fácil ainda”.
Uma curiosidade que ela levantou ao explicar essa campanha foi a do botão “branco” presente na urna. Segundo Eliana, esse botão só está presente porque quando o voto eletrônico foi implantado, ele era considerado um voto válido, sendo que apenas um ano depois sua condição mudou.
Nas eleições de 1998, que eram para presidente, governador, deputados federais e estaduais e senador, eles continuaram a ensinar a forma correta de usar a urna eletrônica, uma vez que o número de cidades que a receberíam estava aumentando. Entretanto, a ênfase da comunicação pública do TRE foi na ordem da votação e na necessidade da “cola”, uma vez que eram vários cargos e com vários números.
Eliana citou também a campanha que foi realizada em 2005, que explicava a diferença entre referendo e plebiscito para a população, na época em que aconteceu o referendo sobre o desarmamento no Brasil. Ela afirmou que além de explicar o significado dessa palavra, uma dificuldade que encontrou foi a de contornar a pergunta feita no referendo, que era confusa, uma vez que queria saber se a pessoa era a favor do desarmamento. Dessa forma, se a pessoa fosse contra as armas, dizia sim, e se fosse a favor, dizia não.