ISSN 2359-5191

05/07/2013 - Ano: 46 - Edição Nº: 52 - Ciência e Tecnologia - Faculdade de Ciências Farmacêuticas
Palestra debate efeito placebo no tratamento da depressão

O placebo é uma substância inerte, capaz de provocar efeitos positivos. Deste modo, pode ter fins terapêuticos. O debate em torno destes compostos e o uso deles no tratamento da depressão foram os assuntos debatidos na palestra da farmacêutica Roxana Lili Roque Flores, de título O efeito placebo no tratamento da depressão, realizada na Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP (FCF).

“Os estudos que visam compreender os mecanismos do efeito placebo na depressão são de desenvolvimento recente”, conta Roxana. No entanto, alguns já tentam explicar como o fenômeno ocorre. A primeira hipótese é que a substância gera mudanças elétricas e metabólicas no cérebro causando alterações no córtex pré-frontal, principalmente no lado direito. Esta porção do cérebro está envolvida em funções cognitivas complexas e também contribui para incumbências como memória e recompensa comportamental. Outras pesquisas apontam que o placebo causa alterações no metabolismo da glicose cerebral.

A palestrante mostrou alguns estudos que comparam os efeitos do placebo com antidepressivos. A intenção era observar quais seriam as divergências entre os fármacos. Para isso, um grupo foi medicado com substâncias inertes alternadas com medicamentos, de fato. Os pacientes notaram diferenças mínimas entre os objetos comparados. “Constataram que o antidepressivo e o placebo tinham consequências praticamente iguais”, afirma Roxana.

Fatores de influência

Entender como uma substância inerte pode ter ação terapêutica é o ponto central das pesquisas. No campo de estudos dos compostos com efeito placebo como um todo, sem relação com o tratamento da depressão, sabe-se que eles atuam através de um mecanismo psicológico. São, também, capazes de ter efeitos não só psicológicos, como físicos (similar ao estudo comparativo dos antidepressivos).

Alguns estudos, apontados por Roxana, demonstram uma série de fatores que pode influenciar o efeito placebo. Por exemplo, características físicas próprias do medicamento, como sua cor, sabor e tamanho. Também as crenças religiosas do paciente. “É menos comum com pessoas que possuem mais estudos e são mais céticas”, afirma. Há também pesquisas relacionando o tempo que o médico dedica ao paciente com a incidência deste evento.

Antidepressivos                                          

Roxana também demonstrou algumas características dos antidepressivos que podem afetar desfavoravelmente no tratamento da depressão. Por exemplo, o fato de uma possível suspensão na ingestão do fármaco, pelo paciente, pode causar resistência. Consequentemente, há a perda do efeito terapêutico. E também o medicamento pode levar a acumulação de metabólitos (produto do metabolismo de uma substância) prejudiciais à saúde.

Além disso, a palestrante apontou que deve ser feita uma classificação da gravidade da depressão no consultório médico, para que se oriente o tratamento correto. “Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), depressões leves podem ter como tratamento psicoterapia e exercícios físicos”, afirma. Só nos casos mais graves devem ser ministrados antidepressivos. 

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