São Paulo (AUN - USP) - Saindo da rotina das pesquisas e aulas, o professor Fábio Ramos Dias de Andrade, do Instituto de Geociências (IGc) da USP, decidiu contar histórias para crianças. “Na Cratera do Kaala” é um livro infantil que, ao mesmo tempo em que conta a aventura de dois amigos, apresenta cientificamente fenômenos naturais que ocorrem no Havaí.
O pesquisador estava na fila do cinema quando surgiu a idéia, há dois anos. Pensando no nome Pahoehoe, um certo tipo de derrame de lava, imaginou os dois personagens principais: Pa’hoe e Hoe’hoe. Começou, em seguida, a pensar no enredo. “A história tinha que ter furacão e vulcão”, conta. Por isso escolheu o Havaí, lugar presente no imaginário das crianças onde ocorrem esses fenômenos.
Guardada por dois anos, o pesquisador começou a mostrar aos colegas de trabalho, que o incentivavam. Mandou para várias editoras, até que a “Oficina de Textos” interessou-se. A idéia da editora era fazer um livro paradidático, que ensinasse conceitos geológicos e geográficos para as crianças. Porém, o autor não queria que as explicações científicas desviassem o rumo da narrativa. O mais importante, para o autor, não é explicar como funciona um vulcão. “Embora a editora goste de dizer que isso é um livro sobre vulcões, na verdade isso é uma história sobre amizade”.
A solução foi fazer pequenos quadros, à margem do texto principal, com explicações objetivas sobre os temas abordados na história. O conceito de ilha vulcânica, os furacões, os vulcões, as crateras, as ondas do Havaí, a fauna e a flora do arquipélago são os temas científicos desenvolvidos no livro.
O livro começa com a menina Pa’hoe, que mora na ilha de Ohao (Havaí), e pega uma gripe. Seu amigo Hoe’hoe a convida para brincar no furacão que acaba de chegar à ilha. Ela não pode ir porque está gripada, mas não recusa o convite de dar um passeio na cratera do vulcão Kaala, e observar o furacão.
Dessa forma, tudo se desenvolve em um ambiente de fantasia, sem ficar restrita ao “cientificamente possível”. Crateras vulcânicas são ambientes extremamente hostis à vida, devido ao calor e aos gases tóxicos que predominam em seu interior. Assim como furacões, não são exatamente lugares para uma criança brincar.
Fábio Ramos Dias de Andrade é professor doutor do Departamento de Mineralogia e Geotectônica do IGc faz 5 anos e meio. É formado em geologia pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), mestre e doutor pela Universidade Estadual Paulista (Unesp). Seu doutorado é um estudo feito na Alemanha sobre o “carbonatito”, um mineral raro de origem vulcânica.