ISSN 2359-5191

29/07/2013 - Ano: 46 - Edição Nº: 56 - Educação - Faculdade de Educação
Projeto de extensão alfabetiza trabalhadores sem-teto

A constatação de que há uma relação entre ausência de escolaridade e não ter moradia na cidade de São Paulo não é nova. Isso ocorre porque pessoas que não tiveram acesso a uma boa ou a qualquer tipo de educação automaticamente têm dificuldade de se inserirem no mercado de trabalho formal. Dessa forma, não consegue reunir os fundos necessários para adquirir moradia própria.

A partir dessa problemática e de uma demanda do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), a professora Kimi Aparecida Tomizaki iniciou um projeto de extensão através da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (FE-USP) que tem como objetivo alfabetizar jovens e adultos de bairros pobres da zona sul da cidade.

Três turmas de no máximo 20 alunos foram formadas. Os espaços utilizados foram cedidos ao MTST: uma sala de aula em uma sub-sede do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) e as outras duas na Igreja da Vila Calú, no extremo sul de São Paulo. Esses lugares foram escolhidos por estarem em locais onde há muitas famílias que estão envolvidas na luta pelo direito à moradia.

O projeto começou em agosto de 2012 e continua até hoje, com previsão de término no fim de julho deste ano. As aulas acontecem três vezes por semana, tendo duas horas de duração. As atividades são organizadas por dois bolsistas da USP, que atuam como professores, em conjunto com dois dos chamados “agentes multiplicadores comunitários”. O curso não é limitado a famílias do MTST, apesar dele ser o grande motivador do projeto. Qualquer um que more na região onde estão as salas de aula podiam participar.

Esses agentes são de extrema importância para a continuidade do trabalho, mesmo que a Universidade não esteja mais envolvida após o término do projeto de extensão em si. A ideia é que ao serem instruidas pelos bolsistas e acompanharem o processo de alfabetização, essas pessoas sejam capacitadas a darem as mesmas aulas no futuro.

Método Paulo Freire

O método utilizado nessas aulas é o de Paulo Freire, que visa a alfabetização através da conscientização dos alunos, e não por meios tradicionais onde eles simplesmente decoram letras e sílabas e aprendem a juntá-las para formar palavra e frases. Essa parte mais sistemática é feita somente na última etapa do método.

O método consiste em, primeiramente, fazer um levantamento lexical, ou seja, do conjunto de palavras pertencentes ao vocabulário, do grupo. Momentos mais informais de conversa sobre assuntos do universo dessas pessoas são feitos para que os educadores observem e também criem um vínculo com o grupo. A partir dos dados reunidos, palavras que foram muito utilizadas e que, portanto, fazem parte da vida diária dessas pessoas, são selecionadas para fazerem parte das atividades.

Situações que simulam a realidade do grupo são criadas com o objetivo de gerar debates. Isso faz com que haja uma conscientização deles em relação ao mundo ao seu redor. Fichas-roteiro são feitas para direcionar as conversas, não que elas devam servir como limites, e sim apenas como guias. A última etapa consiste em dissecar as palavras inicialmente selecionadas, ou seja, separar suas sílabas e conversar e explicar sobre a fonética de cada uma delas. Depois, essas sílabas são utilizadas para montar novas palavras.

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