ISSN 2359-5191

31/07/2013 - Ano: 46 - Edição Nº: 57 - Educação - Faculdade de Educação
Projetos resgatam memórias e estreitam relação entre escola e bairro

Desde 2010, a professora Elizabeth dos Santos Braga, da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (FE-USP), realiza projetos em parceria com a Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Solano Trindade, no extremo oeste da cidade de São Paulo. O que começou com uma pesquisa teórica sobre a produção de narrativas e memórias coletivas e individuais sobre as relações entre a EMEF e o bairro onde ela está inserida acabou se tornando um projeto de ações e intervenções que está em atividade até hoje.


Memorial

Essa primeira pesquisa, que levou o nome de ™Memórias e histórias da EMEF Solano Trindade no Jardim Boa Vista: sentidos da relação escola/comunidade e formação docente, se desenvolveu em um projeto de extensão de criação de um memorial na EMEF Solano Trindade.      

Objetos como livros e cadernos, documentos originais, fotografias, atas de reuniões da associação do bairro foram reunidos para a exposição. Além disso, foram feitas entrevistas com moradores, alunos e professores, juntamente com documentários sobre eventos realizados na escola. Uma parte do memorial foi dedicada à Solano Trindade, personagem importante para a cultura afro-brasileira que não passava de um nome para os alunos antes desse projeto.
 


Imagem feita por professores que foi publicada no blog da EMEF


Através de pesquisas, eles descobriram que Trindade foi um poeta, ator, folclorista, pintor, teatrólogo e cineasta brasileiro que nasceu em Recife em 1908 e faleceu no Rio de Janeiro em 1974. Durante sua vida, se envolveu na luta pelos direitos dos afro-brasileiros: foi um dos idealizadores do I Congresso Afro-Brasileiro em sua cidade natal, juntamente com Gilberto Freyre, outro poeta de Recife.

As duas etapas desencadearam o projeto de extensão que está em vigência agora: ™Prosseguindo o trabalho com memórias na EMEF Solano Trindade: relação escola/comunidade, formação docente e práticas pedagógicas, que tem como objetivo dar continuidade ao memorial e ao estreitamento das relações entre alunos e professores e o bairro do Jardim da Boa Vista.


Mudanças e ações

No início, por exemplo, os professores, coordenadores e funcionários da escola não conheciam a realidade em que vivem os alunos. Além disso, os alunos não sabiam nada sobre a história do bairro, e através desse projeto puderam entrar em contato com movimentos locais que visam melhorias no ambiente e na qualidade de vida dos moradores.

Depois que essas barreiras foram superadas, planos de ação foram viabilizados e o memorial foi apenas um deles. Em 2010, ainda no início dos projetos, uma passeata pela melhoria das condições de vida no bairro foi realizada. Em 2011, uma gincana envolvendo a memória da escola foi realizada para que a compreensão dos alunos em relação à pesquisa e resgate da história  fosse facilitada.

Em 2012, o evento Cinema na Rua exibiu material audiovisual reunido pelos envolvidos no projeto que evidenciavam os maiores problemas do bairro. Mais recentemente, em 2013, foi realizada a Vielada Cultural, um evento promovido com os artistas do bairro na qual todos os moradores puderam participar em diversos trabalhos manuais.


Benefícios

O que foi observado pela professora Elizabeth e os diversos discentes que participaram do projeto ao longo dos anos (muitos deles produziram teses de mestrado sobre a experiência) é que houve uma valorização das memórias tanto pela escola quanto por moradores do bairro. Esse processo também fez com que todos os envolvidos desenvolvessem ou fortalecessem o sentimento de pertencimento à comunidade local.

A pesquisa feita em cima de Solano Trindade também trouxe à tona diversos assuntos que foram debatidos no ambiente escolar, como sua produção literária e participação em outros meios culturais como cinema, além de um aprofundamento na história e cultura afro-brasileira.

Em um panorama pedagógico e da formação docente, houve uma grande promoção de diálogo e de troca de experiências entre os pesquisadores e os professores da escola. Apesar de muitas vezes enfrentarem certa resistência de algumas pessoas ou entrarem em conflito de relações de poder, na maior parte do tempo houve colaboração e os pesquisadores se sentiram menos sobrecarregados, pois podiam contar com o auxílio da escola.

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