ISSN 2359-5191

07/08/2013 - Ano: 46 - Edição Nº: 60 - Educação - Faculdade de Educação
Odisseia é tema de abertura da XI Semana de Estudos Clássicos e Educação da FEUSP
Participantes são convidados a uma leitura coletiva da obra, acompanhada de explicações pontuais da professora Mary Lafer

A IX Semana, intitulada “Nós, os antigos”, objetivou provocar o espectador , uma vez que não explicitou quem seria o “nós” proposto, deixando em suspenso, podendo se referir, ora a eles, ora a nós, ora a ambos. E, especialmente no momento em que coloca um distanciamento, permite o entendimento do presente. A Semana ocorreu de 20 a 24 de maio e, pela primeira vez, ofereceu mini-cursos aos inscritos, bem como a possibilidade de apresentação por alunos e pesquisadores.

Na conferência de abertura, a professora Mary Lafer, ao apresentar trechos da obra de Homero, não se propôs a construir uma conclusão. Pelo contrário, buscou estimular os jovens estudantes presentes, que estão iniciando seus estudos em educação, a concluírem por si mesmos o que a leitura do autor acrescenta hoje. Para colaborar com sua intenção, mencionou o discurso de posse de Jacqueline de Romilly no College de France, em que ela fala que surpreendia-se que uma epopeia escrita há mais de 28 séculos, na Ásia Menor, pudesse, ainda hoje, ser encontrada em livrarias, mundo afora, em formato de livro de bolso, ou seja, acessível a muitas pessoas.

A professora comenta que a epopeia homérica conta histórias de heróis ancestrais dos gregos, de tempos muito antigos, quando se iniciaram os fundamentos de sua cultura, com seus valores, religião, conhecimentos e compreensão peculiar do mundo. Compreensão, inclusive, que, sob diversos aspectos, é a que caracteriza, ainda hoje, o modo de pensar do Ocidente. Mary Lafer explica que “óicos” é uma palavra grega que significa casa, família, um grupo pequeno. E que “pólis” quer dizer cidade. Em seguida, acrescenta que “é admirável que esses poemas contemplem não apenas o óicos e a pólis, que contemplem a perspectiva do outro, do diferente. Eles disponibilizam a nós uma certa percepção de alteridade. Falam, tanto do herói Aquiles, quanto do herói troiano Heitor. Falam, tanto da vida no palácio em Ítaca, da rainha Penélope, do príncipe Telêmaco, quanto das cavernas dos Ciclopes e dos estranhos costumes de Polifemo. Aliás, essa espécie de sensibilidade para o diferente é uma temática reincidente para a cultura grega.”

Para a leitura de trechos, a professora escolheu, dentre diversos critérios possíveis, o que divide as aventuras em círculos geográficos. O primeiro compreende o mundo dos homens “que comem pão”, ou seja, dos homens civilizados, que dominam as técnicas da agricultura, da panificação, que ordenam a vida social. O segundo círculo corresponde a um horizonte geográfico real, porém, devido à grande distância desses lugares a ítaca, eles passam a ser lugares menos conhecidos e mais imaginados. Por fim, o terceiro é o mais imaginativo. Nele, os personagens estão nos confins da terra, em lugares desconhecidos, habitados por seres extraordinários. Este último círculo nos apresenta figuras e situações que, por contraste, nos permitem melhor compreender o universo normal e a representação da humanidade que a Grécia arcaica construiu de si mesma.

No encerramento da conferência, a professora reitera seu objetivo, o de estimular a leitura dos clássicos homéricos e é aberto um espaço para perguntas.

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