São Paulo (AUN - USP) - O Brasil abrigará, a partir dos próximos dois anos, a maior rede de geociências da América Latina, e uma das maiores do mundo. Com investimentos estimados em 20 milhões de dólares, a Rede GeoChronos deverá criar no país um centro de referência em estudos geológicos e ambientais. Sua instalação também deverá trazer benefícios para os estudos sobre petróleo e gás natural através de pesquisas diretamente na área, ou através da produção de maior conhecimento sobre as bacias sedimentares brasileiras.
A rede é resultado de uma parceria entre a USP, os ministérios de Minas e Energia, Ciência e Tecnologia, a Petrobrás, o Serviço Geológico do Brasil (CPRM), a Universidade de Brasília (UnB), a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFGRS) e a Universidade Federal do Pará (UFPA). Ela deverá ajudar os laboratórios envolvidos a trabalharem juntos, para que não haja sobreposição de pesquisa. O projeto foi lançado na USP no último dia 10, na comemoração dos 40 anos do Centro de Pesquisas Geocronológicas (CPGeo).
Em São Paulo, na Cidade Universitária, será instalada a Microssonda Iônica de Alta Resolução (Shrimp), um equipamento de ponta que só existe em oito laboratórios no mundo. Ele identifica e data todos os elementos químicos que se encontram em um fragmento de mineral de até 10 micras (um centésimo de milímetro). Esse equipamento deverá proporcionar mais recursos e mais agilidade no processo de análise e datamento de rochas, necessário para as pesquisas geológicas e ambientais de todo o país. “O que mais me empolga nesse projeto é a instalação desse equipamento”, diz o pesquisador Umberto Cordani, do CPGeo da USP.
Para a compra e instalação desse equipamento, serão investidos cerca de três milhões de dólares, que será financiado através de um convênio entre a USP, a Petrobrás e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Além dos benefícios para a pesquisa, o equipamento representa, em longo prazo, uma economia material. Só nos últimos três anos, o país gastou 500 mil dólares em análises Shrimp, que eram encomendadas da Austrália. A USP já possui técnicos qualificados para usar esse aparelho, que estará funcionando em 2006.
Cada uma das outras três universidades no projeto deverão receber o equipamento ICP/MS (espectômetro de massa a laser com fonte de plasma e sistema de multicoletores). Esse equipamento é utilizado para obter dados sobre rochas e outros minerais. Transforma a amostra em vapor, detecta e permite a datação dos elementos químicos que se encontram em pelo menos uma parte por quatrilhão (PPQ) da amostra.
A rede também deverá melhorar a comunicação com outros laboratórios da América Latina, além de aumentar o intercâmbio científico com os centros de pesquisa europeus. O projeto visa também aumentar as parcerias privadas, aproximando a universidade do setor empresarial.