São Paulo (AUN - USP) - O Vírus Sincicial Respiratório (VSR), um dos principais responsáveis pelas doenças respiratórias do trato inferior (brônquios e pulmão), é tema de uma linha de pesquisa da pediatria do Hospital Universitário da Universidade de São Paulo (HU-USP). Entre crianças, o vírus pode causar desde chiado, falta de ar e dificuldade para respirar, até pneumonia e bronquiolite, uma inflamação dos bronquíolos, nos casos mais graves.
De acordo com Alfredo Elias Gilio, um dos diretores da pediatria do HU, o hospital desenvolve pesquisas sobre o assunto desde 1995. No dia 27 de novembro último, o hospital abrigou um simpósio sobre vírus de infecção respiratória, e o VSR foi um dos destaques das discussões.
Uma das conclusões dos estudos é que há um predomínio desse vírus no outono e início do inverno, nos meses de março, abril, maio e junho.“Já se suspeitava desse fato e algumas pesquisas internacionais apontavam nesse sentido, mas nossos estudos nos comprovaram a predominância do VSR nessa época do ano”, diz Gilio. Segundo o pediatra, durante esses meses cerca de 70% das crianças internadas no HU sofrem com problemas respiratórios. No hospital, entre 50 e 60% dos bebês hospitalizados por problemas respiratórios (bronquiolite e pneumonia) apresentam infecção por VSR. O pediatra explica que existem vários tipos desse vírus e que eles sofrem mutações constantes, o que dificulta um tratamento efetivo.
Quanto mais nova é a criança, mais graves são as doenças causadas pelo VSR, segundo o pediatra. Isso acontece porque nessa faixa etária o sistema imunológico e o aparelho respiratório ainda não estão completamente desenvolvidos. O médico alerta para o fato de que bebês muito jovens, com até menos de um mês de idade, também podem contrair o VSR. As crianças que estão mais sujeitas a ser infectadas pelo vírus, com conseqüências graves, são as prematuras, que apresentam problemas respiratórios, as que sofrem com alguma doença cardíaca e as muito jovens.
Análise
Quando uma criança com problemas respiratórios chega ao Hospital Universitário, os médicos coletam uma amostra da secreção nasal e fazem exames para procurar pelo vírus sincicial. Uma vez que o VSR é identificado, há um acompanhamento na internação, explica Gilio. A análise das secreções é feita em conjunto com o grupo de virologia do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB-USP). O pediatra ressalta que essa identificação específica do agente causador da doença respiratória traz vantagens, já que com o diagnóstico em mãos, é possível reduzir a quantidade de antibióticos usados no tratamento das crianças.
Como ainda não existe um tratamento específico para o problema, as medidas de prevenção são importantes. Giglio diz que “já existem medicamentos que fazem a prevenção” e destaca os cuidados necessários para não permitir que uma criança contamine a outra.