ISSN 2359-5191

07/10/2013 - Ano: 46 - Edição Nº: 77 - Ciência e Tecnologia - Instituto de Química
Protozoário causador da doença de Chagas é classificado em subgrupos
Laboratório da USP difunde nomenclatura e começa a estudar as particularidades das seis categorias
Ilustração do protozoário Trypanosoma cruzi, causador da doença de Chagas. Fonte: Fiocruz

Devido à grande heterogeneidade genética, protozoário causador da doença de Chagas, o Trypanosoma cruzi, foi dividido e nomeado em seis subgrupos por um Comitê de especialistas liderado pelo Laboratório de Biologia Molecular de Tripanossomatídeos (LBMT) do Instituto de Química (IQ) da USP. Essa padronização beneficiará os estudos realizados sobre esse mal, e também irá melhorar a comunicação entre pesquisadores que trabalham nesse tema.

A doença de Chagas é um mal muito frequente nos países latino-americanos. Estima-se que existam 10 milhões de portadores da doença crônica nessa região. Cerca de 2 a 3 milhões apenas no Brasil e, segundo dados do Ministério da Saúde, 150 a 200 novos casos ainda são registrados anualmente nas terras brasileiras, com a sua esmagadora maioria na região da Amazônia Legal. Quando crônica, a doença pode ocasionar cardiopatias graves e síndromes digestivas, como o megacólon e o megaesôfago.

Dada a quantidade de afetados por esse problema, os estudos realizados no LBMT têm o objetivo de compreender melhor as características do T. cruzi. O Laboratório deu um grande salto quando, em 2009, divulgou a categorização desse protozoário em linhagens distintas, de acordo com as suas diferenças genéticas, e estabeleceu uma nomenclatura própria para cada subgrupo – que vai do TcI até o TcVI.

Essa classificação assume um papel relevante para o universo dos pesquisadores desse tema, visto que “cada laboratório usava uma nomenclatura diferente. Não deu um mês depois que publicamos o artigo, todos que trabalham com Chagas passaram a usar a nossa proposta. Isso demonstra que a padronização de uma nomenclatura permite a comunicação na comunidade científica”, explica Bianca Zingales, professora do IQ e chefe do LBMT.

Como consequência dessa divisão, o Laboratório tem trabalhado na caracterização das especificidades de cada subgrupo, como suas distribuições geográficas, suas resistências aos medicamentos, e também o tipo de doença causada no indivíduo. “Isso é importante porque 70% dos pacientes chagásicos são assintomáticos, eles irão morrer de outra coisa. Mas, a cada ano, 2% dessas pessoas tornam-se cardiopatas, ou irão desenvolver síndromes digestivas. Essa caracterização atuaria como um prognóstico para o paciente”, diz a pesquisadora.

O mal de Chagas, a dengue, a leishmaniose e a malária são consideradas doenças negligenciadas, ou seja, que afetam populações de baixa renda em países menos desenvolvidos e que recebem investimentos reduzidos para pesquisa, desenvolvimento de medicamentos e controle. Devido a isso, estabelecer como foco o estudo desses males torna-se fundamental para mudar essa realidade.

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