ISSN 2359-5191

14/10/2013 - Ano: 46 - Edição Nº: 80 - Saúde - Faculdade de Ciências Farmacêuticas
Informação sobre genéricos é importante para crescimento deste mercado
Foto: Lara Deus

Os medicamentos genéricos apresentam a mesma fórmula de remédios vendidos com uma marca, mas com um preço mais baixo. Mesmo com esta vantagem, eles não são tão aceitos pela sociedade, detendo menos de um terço do mercado farmacêutico, segundo dados do IMS Health. Por que? Esta foi a pergunta que motivou Caroline Schetini Perrotti Spegiorin em seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) A aceitação dos genéricos e seus desafios no mercado farmacêutico, defendido em junho deste ano na Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da USP. Ela constatou que, apesar de 95% dos paulistanos já terem usado, nem todos confiam que o genérico tem a mesma quantidade do fármaco principal, eficácia e segurança que o remédio de marca. Esta desconfiança atingiu, em média, 30% dos entrevistados.

Além disto, 25% deles alegaram que seus médicos nunca haviam prescrito os genéricos, “o que foi mais uma surpresa”, segundo Caroline. Isto porque a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) instituiu em 2011 que todos os médicos da rede pública de saúde devem receitar remédios pelo nome das substâncias de sua fórmula, que também nomeiam os medicamentos genéricos. A classe social dos entrevistados foi levada em conta no estudo, mas não houve diferença significativa entre os comportamentos de consumo. Porém, constatou-se a tendência de que os pertencentes às classes C e D confiassem mais na eficácia dos medicamentos genéricos.

A pesquisa investigou o que motivava as pessoas a adquirirem a variedade mais barata. O preço, a eficácia comparável aos remédios de marca e a indicação médica foram fatores relevantes. O fator preço mostrou também desmotivar a compra, já que, às vezes, ele era “muito próximo ao medicamento de referência, conforme apontado por alguns entrevistados, o que acaba minando o produto genérico de sua função inicial”, explica Caroline. O estudo comprovou que a maioria das pessoas optaria por comprar o remédio de marca se tivesse o mesmo preço do genérico. A dificuldade de compra não foi um grande desmotivador, mas o estudo constatou que um terço dos entrevistados encontram os genéricos que querem em apenas 67% das vezes que procuram.

A divulgação não foi importante para levar a maioria dos clientes a adquirir os genéricos. A pesquisa aponta que a transmissão de informações corretas a respeito deste segmento de medicamentos seria determinante para um avanço deste mercado. “A falta de eficácia é associada basicamente à má percepção que tanto consumidores quanto profissionais de saúde têm a respeito dos medicamentos genéricos”, exemplifica Caroline. Comparando o Brasil a mercados mais maduros, é fácil perceber que os genéricos não são tão representativos em nosso país. Enquanto aqui eles representam 26% das unidades, nos Estados Unidos, Reino Unido ou Alemanha, este índice ultrapassa 60%, segundo a consultoria IMS Health.

Histórico
Os genéricos foram instituídos no Brasil no ano de 1999. O projeto de lei que acarretou sua criação visava garantir o acesso da população a medicamentos, já que até 1998, o tratamento por remédios era privilégio de uma pequena parcela mais abastada da população. Agora, com preços, em média, 50% menores, o desafio é desfazer os mitos por trás do consumo dos genéricos.

Para sua pesquisa, Caroline entrevistou 64 pessoas tanto de forma quantitativa, quanto qualitativa, orientada pela professora Valentina Porta. Elas foram abordadas em farmácias e drogarias da capital paulista, respondendo a um questionário e a questões abertas, entre os meses de fevereiro e março de 2013.

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