ISSN 2359-5191

18/10/2013 - Ano: 46 - Edição Nº: 83 - Saúde - Instituto de Química
Poluição das grandes cidades pode causar câncer
Pesquisa conclui que moradores expostos à queima do etanol podem desenvolver mutações
Foto: Mario Roberto Duran Ortiz/ Wikimedia Commons

Com intuito de comprovar os danos causados pela poluição atmosférica, pesquisa realizada pelo grupo de estudos de processos redox (oxidação e redução), do Instituto de Química (IQ) da USP, comparou a urina de moradores da cidade de São Paulo com a de São João da Boa Vista, um município do interior paulista. Foram observadas grandes diferenças entre as duas.

Uma das principais fontes de poluição das grandes cidades advém da fumaça liberada pela queima dos combustíveis dos veículos. Junto desses gases, há também aldeídos que são formados nessa reação. Esses compostos quando entram em contato com biomoléculas, como o DNA, as proteínas e os lipídeos, ligam-se a elas formando adutos, que são ligações de biomoléculas com aldeídos. Essa interação é altamente mutagênica e, por isso, pode ocasionar vários tipos de câncer.

Na pesquisa realizada, os produtos reparo do DNA presente foram medidos na urina dos residentes dessas duas cidades. Como resultado, as amostras paulistanas possuíam uma maior concentração em comparação ao que foi colhido em São João da Boa Vista. “Se uma pessoa fica exposta a poluentes em grandes concentrações começa a formar esse aduto em uma quantidade muito grande e se ainda tem alguma deficiência na enzima de reparo, desenvolve uma lesão que pode ser mutagênica e, consequentemente, levar ao câncer”, explica Marisa Medeiros, professora do IQ e coordenadora da pesquisa.

O estudo ainda será oficialmente publicado e terá desdobramentos, mas seus resultados já são bastante significativos. “Fizemos a pesquisa com 35 moradores de São Paulo e 47 de São João da Boa Vista. Se ampliarmos essa amostra, os resultados ficam mais evidentes, mas a diferença já está estatisticamente significativa entre um grupo e outro”, argumenta a pesquisadora.

O Laboratório da professora Marisa trabalha com processos redox e lesões em biomoléculas. Trabalham também no desenvolvimento de biomarcadores – moléculas que podem ser medidas experimentalmente e comprovam a ocorrência de um determinado processo no organismo –, que foram utilizados para medir a quantidade desses materiais nas urinas analisadas.

A realização desse tipo de pesquisa alerta as autoridades para os problemas que ocorrem nas cidades. Assim, visa à contribuição do desenvolvimento de políticas públicas de modo a melhorar a saúde e a qualidade de vida da população.

Rede Redoxoma

Esse projeto faz parte da rede INCT Redoxoma (Processos Redox em Biomedicina), que envolve cerca de 20 grupos de pesquisa de diversos pontos do Brasil. Eles são financiados pelo Programa Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCT) do Ministério da Ciência e Tecnologia, coordenado pelo Conselho Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento Científico (CNPq). Também faz parte do Centro de Pesquisa em Processos Redox em Biomedicina (CEPID), uma rede multidisciplinar de pesquisadores apoiada pela FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).

A rede tem o propósito de desenvolver novos biomarcadores e estratégias antioxidantes, com a finalidade de controlar e aperfeiçoar os processos biológicos que ocorrem devido aos radicais-livres. Para isso, o Redoxoma faz diversos estudos sobre os processos redox, a fim de aumentar o conhecimento acerca desse campo de pesquisa. 

Para saber mais sobre os trabalhos do INCT Redoxoma assista ao vídeo institucional acima.

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