Sob o tema Terras Raras: economia ou soberania? os metais de terras raras, suas aplicações e papel na economia foram apresentados pelo professor e especialista em ciências - química, Osvaldo Antonio Serra, no Instituto de Geociências (IGc) da USP.
Formada pela família 4f (lantanídeos) da tabela periódica mais o escândio e o ítrio, as terras raras totalizam 17 elementos químicos, de acordo com a Iupac (União Internacional de Química Pura e Aplicada). São classificados juntos pois apresentam propriedades físico-químicas semelhantes. Uma de suas características é que não são facilmente afetados pelo ambiente, além de em geral serem macios, maleáveis e reativos, principalmente a temperaturas elevadas.
Inicialmente utilizadas para a produção de mantas de lampião (por volta de 1885), hoje um dos maiores usos para as terras raras é na produção de catalisadores (bastante utilizados no craqueamento de petróleo) e imãs. As terras raras estão também presentes ligas para baterias NI-MH, baterias recarregáveis, corantes de vidro, cerâmicas de alta resistência, entre outros.
O professor comentou que as terras raras ainda não atraem as grandes empresas de forma significativa, ainda que no mercado mundial elas movimentem cerda de US$ 4 bilhões. “Só de minério de ferro a Vale [do Rio Doce] vendeu US$ 44 bilhões no ano passado. As grandes mineradoras não vão se interessar. Quem vai se interessar são empresas juniores (que movimentam cerca de 1 ou 2 bilhões de dólares). Aqueles US$ 4 bilhões geram produtos que valem US$ 4 trilhões. O fator multiplicativo é da ordem de mil. Ou se usa terra rara, ou não se tem esses produtos (como baterias, imãs)”, diz o professor ao enfatizar a importância das terras raras na economia mundial atual.
Publicação gratuita online
A Cetem (Centro de Tecnologia Mineral), unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), publicou neste ano o livro O Brasil e a Reglobalização da Indústria das Terras Raras, de Francisco Eduardo Lapido-Loureiro. O livro é dividido em três capítulos: “Terras Raras: do Monopólio da Produção Primária ao Oligopólio Tecnológico”, “Terras Raras no Brasil: Reservas e Características Químico-Mineralógicas de suas Ocorrências e Depósitos” e “Perspectivas de Desenvolvimento da Indústria Mínero-Química das Terras Raras no Brasil em Face da Retomada Mundial de sua Exploração”.A publicação aborda os temas de modo aprofundado e faz uso de tabelas e gráficos que auxiliam na análise do quadro das Terras Raras no Brasil e no mundo.
O livro pode ser consultado gratuitamente pelo endereço:
http://www.cetem.gov.br/publicacao/livros/reglobalizacao_das_TR.pdf