Estudos sobre os hábitos alimentares dos peixes são essenciais para o manejo consciente do ecossistema marinho e para a gestão pesqueira. A mestra em ciências, Juliana Pierrobon Lopez, elaborou um banco de dados inédito para sintetizar e facilitar o acesso ao conhecimento já obtido sobre a dieta dos peixes e ajudar a preservá-los.
O trabalho focou no estado de São Paulo, onde a expansão industrial da pesca aumentou o impacto nos cardumes. Atualmente é necessário o manejo dos recursos para evitar esgotamento. “Iniciamos com o levantamento de todos os trabalhos sobre alimentação natural já publicados no estado de São Paulo”, diz Juliana, que também adicionou dados ainda não publicados do Laboratório de Ecologia Trófica do Instituto Oceanográfico da USP.
A partir deste banco de informações, foram realizadas análises sobre a alimentação dos peixes. Também foi feito um estudo de caso com a espécie corvina, através do conteúdo estomacal, para um aprofundamento maior no assunto. “A corvina foi escolhida por sua importância comercial e ecológica. Ela é uma das espécies mais pescadas no litoral do estado de São Paulo e também uma das mais abundantes”.
Estes estudos possibilitaram entender melhor e comparar a alimentação dos peixes ao longo da costa paulista. No caso da corvina, foi possível tecer perspectivas de sua dieta em longo prazo. “Séries históricas de dados ecológicos são importantes para a compreensão dos ecossistemas em larga escala”. Juliana lembra que um pesquisador, ou mesmo um grupo de pesquisadores, não tem recursos para obter todas estas informações sozinhos. “A construção de uma base na qual todos os pesquisadores pudessem incluir seus dados tem como objetivo cobrir essa lacuna.
”Conseguir explorar os benefícios do ambiente marinho sem desequilibrá-lo é trabalhoso. A intervenção consciente nos ecossistemas ajuda na extração de recursos, visando a conservação ambiental. No caso da pesca, “a definição de períodos de proibição e de áreas de exclusão é uma forma de minimizar a sobrepesca e promover a conservação biológica nos oceanos”.
Os resultados do banco de dados evidenciaram que apenas 25% das espécies da região haviam sido estudadas e, muitas vezes, com avaliações incompletas. Segundo Juliana, pesquisadores se mostraram favoráveis em ter uma plataforma para disponibilizar seus dados. “A proposta do nosso trabalho foi demonstrar a importância da publicação de dados brutos e as potencialidades da base de dados alimentares”, como a preservação ambiental e a pesca sustentável.