ISSN 2359-5191

12/04/2005 - Ano: 38 - Edição Nº: 03 - Saúde - Instituto Butantan
Porcos podem salvar bebês prematuros da morte

São Paulo (AUN - USP) - Após mais de cinco anos de pesquisas intensivas, o Centro de Biotecnologia do Instituto Butantan anuncia para o segundo semestre de 2005 o início dos experimentos hospitalares em recém-nascidos prematuros com surfactantes de origem suína produzidos no próprio Instituto. A tecnologia, patenteada pelo órgão, estará disponível em diversos hospitais e sua exportação para países asiáticos já está sendo negociada.

“Quando a criança nasce, a primeira coisa que faz é chorar. Esse choro não é por sofrimento, ele tem a função de abrir os alvéolos pulmonares. Quando a criança está no útero, ela tem um ambiente com muito líquido. O surfactante é como um detergente que separa os lados dos alvéolos, possibilitando que a criança respire normalmente”, explica o responsável pela Liderança Científica do Centro, Isaías Raw. Segundo ele, crianças prematuras com peso inferior a 1,5 kg tendem a não produzir essa substância em níveis normais, o que leva ao falecimento precoce por complicações respiratórias.

As pesquisas conduzidas pelo Centro de Biotecnologia levaram à conclusão de que o surfactante do porco poderia ser usado na síntese de um produto de aplicação direta na traquéia do recém-nascido destinado ao tratamento dessa deficiência. Uma parceria firmada com a indústria do setor alimentício Sadia facilitou a obtenção da matéria-prima. Além dos pulmões dos porcos, a Sadia também participou do financiamento do projeto e cedeu parte de suas instalações para realizar a extração da substância.

No Brasil, de cada mil crianças nascidas, 25,1 não resistem ao primeiro ano de vida, sendo que 12,7 são vítimas da mortalidade perinatal, isto é, morrem na primeira semana após o parto. Isaías Raw estima que, com o lançamento combinado do surfactante e da vacina contra rotavírus, a ser lançada pelo Butantan no ano que vem, esses números devem ser drasticamente reduzidos. O rotavírus, causador de fortes diarréias e vômito, vitima 25 mil pessoas ao ano. “Tecnologia é produto na prateleira dos hospitais; o resto é conversa pra boi dormir”, disse Raw.

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