Devido ao aumento da importância dos moluscos cefalópodes (lulas e polvos) para a pesca no Brasil, a pesquisadora Carolina Costa de Araújo, do Instituto Oceanográfico da USP (IOUSP), realizou um estudo com o objetivo de ampliar o conhecimento sobre estes animais. Ela buscou entender melhor a ocorrência de paralarvas de lulas da família Loliginidae no ecossistema marinho da costa Sudeste do País.
Compreender a distribuição e a abundância larval em relação às características do ambiente marinho pode ser fundamental para o manejo da atividade pesqueira. “O objetivo do meu trabalho foi fornecer informações a vida das lulas, cuja pesca vem se expandindo tanto industrial como artesanalmente”, afirma Carolina.
Em 2007, o Ministério do Meio Ambiente publicou um comunicado que tratava do futuro da pesca. De acordo com o texto, a pesca de moluscos havia duplicado nos últimos 40 anos, muito em função do aumento da população mundial. “No caso das lulas, há expansão, na região costeira entre o Rio de Janeiro e Santa Catarina.”
Segundo Carolina, “as espécies da Família Loliginidae foram escolhidas, pois são mais abundantes na área costeira e bastante exploradas comercialmente”. Apesar de comuns, as lulas loliginídeas têm particularidades que afetam a sua disponibilidade para a pesca, como ciclo de vida de apenas um ano e a morte logo após a reprodução.
O estudo foi feito através da análise de amostras históricas de plâncton coletadas inicialmente pelo Professor Dr. Yasunobu Matsuura, que foi professor do IOUSP, pioneiro no estudo de ictioplâncton no Brasil, já na década de 1960. As paralarvas são consideradas planctônicas, pois ficam mais na superfície do mar, não conseguem vencer significativamente a força da água e sua distribuição fica dependente da circulação das correntes.
Com os dados coletados, Carolina conseguiu definir os padrões de distribuição desses moluscos em relação aos processos oceanográficos, como temperatura e salinidade. Foram encontradas três espécies de Loliginidae, cada uma distribuída em uma área específica, com características distintas: na região de Cabo Frio, com águas mais frias, no litoral sul da região Sudeste, de águas mais quentes, e na região estuarina de Santos, com águas rasas e menos salinas.
Todos estes dados contribuem para o desenvolvimento da Oceanografia Pesqueira relacionada às lulas. “Estas informações podem servir para a aplicação de modelos de previsão de capturas, para a avaliação dos impactos das mudanças climáticas na pesca, e consequentemente para o planejamento de medidas de preservação do estoque.”
O estudo fez parte do mestrado em Oceanografia de Carolina, no IOUSP, teve orientação da Profa. Dra. Maria Gasalla, e contou com financiamento da FAPESP.