A pesquisadora Mara Fisner, do Instituto Oceanográfico da USP (IO), elaborou em sua tese de doutorado um método de coleta e análise da resina de grânulos plásticos, matéria-prima do plástico como conhecemos, que permite compreender melhor os diversos estudos já realizados sobre a substância. Por causa do impacto ambiental que esta resina pode causar, a padronização na coleta e no monitoramento é extremamente importante.
O grande problema dos grânulos plásticos é que eles absorvem poluentes orgânicos, como hidrocarbonetos, que entram no ambiente marinho pelo transporte atmosférico ou pelo derramamento de esgoto e de petróleo. Como muitos destes grânulos boiam, eles podem ser ingeridos por animais marinhos. “Muitos destes poluentes têm características cancerígenas e são considerados, inclusive, uma ameaça à saúde humana”, atenta Mara.
Ela ressalta que os grânulos podem ser facilmente observados a olho nu na praia da Enseada no litoral santista. Foi neste local que a pesquisa foi realizada, com a coleta de amostragens ao longo da praia e inclusive a dois metros de profundidade na areia. “Com este trabalho, além da padronização do método de amostragem, foi possível observar a concentração, composição e possíveis fontes de contaminação dos poluentes que ‘grudam’ na resina”.
A pesquisa forneceu grandes informações sobre as amostragens qualitativas dos grânulos plásticos. Os resultados de hidrocarbonetos encontrados são bastante variados. “Isto ajuda a ressaltar outros fatores que devem ser considerados em análises de poluentes, como tempo de exposição no ambiente e cores dos grânulos, que estão diretamente relacionadas à concentração de poluentes.”
O projeto de doutorado surgiu da necessidade de responder diversos questionamentos levantados por uma pesquisa inicial, desenvolvida no Laboratório de Manejo, Ecologia e Conservação Marinha do Instituto Oceanográfico na USP. “Este trabalho fornece uma nova visão sobre desenhos amostrais e as ferramentas adequadas para a coleta dos grânulos em praias arenosas”, conclui Mara.