ISSN 2359-5191

09/06/2014 - Ano: 47 - Edição Nº: 22 - Meio Ambiente - Instituto Oceanográfico
Curva de crescimento de lula contribui para pesca sustentável
Estudo com Doryteuthis plei relaciona tamanho e idade em indivíduos de Ubatuba e São Sebastião e gera resultados importantes para controle natural da população da espécie
Lula Doryteuthis plei / Fonte: Reprodução

Uma curva que esboça o crescimento da lula Doryteuthis plei, construída a partir da análise de idade e crescimento de indivíduos coletados no litoral norte de São Paulo, estabeleceu parâmetros para o controle populacional da espécie na região e para uma prática pesqueira mais consciente. O estudo foi desenvolvido no Laboratório de Ecossistemas Pesqueiros (LabPesq) do Instituto Oceanográfico (IO-USP) pelo aluno de mestrado Diogo Destro Barcellos.

As conclusões se basearam na observação de uma estrutura calcária que se localiza no crânio da lula (e demais cefalópodes) e recebe o nome de estatólito. Com cerca de 1 milímetro de comprimento, essa estrutura se divide em minúsculos anéis de crescimento que se formam por bioacumulação de cálcio durante toda a vida do indivíduo, sendo que cada anel corresponde a um dia de existência.

 

Após os estatólitos serem lixados e polidos, é possível enxergar os anéis de crescimento ao microscópio. Cada linha na imagem representa um anel

Depois de coletados, mediu-se o tamanho de cada um dos 467 indivíduos identificados como sendo da espécie Doryteuthis plei. Um corte longitudinal foi realizado no corpo das lulas a fim de estimar o sexo através da visualização das gônadas de cada uma, e a partir dessa análise, quatro estádios de maturidade foram delineados pelo pesquisador e relacionados com dados de idade e tamanho das lulas.

Só então ocorreu a extração dos estatólitos, e eles foram analisados um a um ao microscópio, ampliando-se entre 200 e 400 vezes o tamanho natural das estruturas. A leitura dos incrementos de crescimento foi realizada e repetida até cinco vezes, sendo o número de anéis de cada indivíduo definido por uma média dos valores obtidos. A idade em dias foi relacionada com o comprimento (em milímetros) de cada exemplar, obtendo-se um gráfico.


As lulas de Ubatuba-São Sebastião têm, em média, 8 meses de vida e alcançam até 26 cm

Na imagem, em que cada ponto relaciona a idade (eixo horizontal) e o tamanho (eixo vertical) de cada indivíduo, a curva ajustada pertence a um modelo matemático chamado logístico. Ela representa uma média entre os valores encontrados, relacionando tamanho e idade, e são válidos para a espécie no hábitat em que foram capturadas.

“Essa curva serve para os indivíduos da espécie que vivem em Ubatuba e São Sebastião, não para a espécie toda. Características como disponibilidade de alimento e temperatura da água influenciam no crescimento da lula”, explicou Barcellos, autor da pesquisa.

Esboços da curva de crescimento da Doryteuthis plei já haviam sido mensurados em outro estudos, sempre sem sucesso nos estágios iniciais da vida da lula. Segundo o pesquisador, a importância de se estabelecer essa curva completa e seus parâmetros é permitir a biólogos e pescadores um conhecimento maior da população da espécie com que lidam.

Assim, por exemplo, a pesca de lulas menores e imaturas (que possuem baixo valor comercial devido ao pequeno porte), quer acidentalmente na captura dos camarões, quer propositalmente na coleta da espécie para posterior comercialização e consumo, poderia ser evitada. Dessa forma, garantiria-se que essas lulas teriam a chance de alcançar a maturidade e reproduzir-se, resultando na manutenção da espécie e no controle natural da população.

As pesquisas de Diogo Destro Barcellos foram financiadas pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Técnológico (CNPq).



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